Um estudo divulgado na revista Nature Communications revela que a proteína humana NOVA1 desempenha um papel crucial na origem da linguagem falada. A comunicação verbal foi fundamental para a evolução dos Homo sapiens, oferecendo vantagens sobre os neandertais, como a transmissão de saberes, a organização de tarefas e a cooperação para garantir a sobrevivência.
A proteína NOVA1, reconhecida desde os anos 1990 como vital para o desenvolvimento cerebral, foi recentemente identificada como essencial para a fala. Para comprovar essa descoberta, os cientistas realizaram modificações genéticas em camundongos, substituindo o gene NOVA1 dos roedores pelo gene humano.
Gene da fala
Como resultado, os camundongos passaram a emitir sons e grunhidos de forma diferente, o que também foi notado nas interações entre mães e filhotes, sugerindo uma mudança no comportamento vocal. Embora o gene NOVA1 não seja o único responsável pela habilidade humana de falar, ele se integra a outros aspectos anatômicos e cerebrais que nos tornam distintos.
O Dr. Robert Darnell, um dos responsáveis pelo estudo, acredita que essas descobertas não apenas ampliam nosso entendimento sobre a origem da comunicação verbal, mas também têm o potencial de auxiliar no tratamento de distúrbios relacionados à fala.
Linguagem humana
Além do gene NOVA1, outros genes como o FOXP2 também são reconhecidos por estarem ligados à fala. No entanto, enquanto o FOXP2 é compartilhado por outros primatas, a variante NOVA1 é exclusiva dos Homo sapiens, o que destaca sua relevância para a linguagem humana.
A origem da linguagem verbal é um tema complexo e considerado uma das maiores transformações na evolução humana. Apesar de existirem mais de 6.500 idiomas atualmente, acredita-se que as primeiras formas de linguagem tenham surgido há mais de 500 mil anos.
Inicialmente associada à cooperação e à busca por alimentos, a comunicação evoluiu para incluir interações sociais mais sofisticadas, como a fofoca, que ajudou a fortalecer os laços nos grupos humanos. A pesquisa também sugere avanços no tratamento de distúrbios da fala, com especialistas apontando que essas descobertas podem possibilitar diagnósticos mais rápidos e terapias mais eficazes.