O Brasil está se preparando para dar um salto na produção de terras raras, um conjunto de minerais essenciais na fabricação de turbinas eólicas e motores de carros elétricos. Em maio, o país começará a fabricar, em Minas Gerais, ímãs de terras raras, peças-chave para esses equipamentos. Atualmente, a China domina esse mercado, sendo responsável por mais de 90% da produção global, mas já declarou que interromperá suas exportações até o fim do ano.
A produção será realizada no Laboratório de Produção de Ímãs de Terras Raras (Labfab ITR), que foi adquirido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) em um investimento de R$ 35 milhões. Situado em Lagoa Santa (MG), o laboratório já estabeleceu parcerias com 16 empresas, incluindo mineradoras e indústrias que utilizam esses ímãs.
Investimento em Minas Gerais
Minas Gerais lidera os investimentos na extração de terras raras, totalizando R$ 4,6 bilhões, enquanto Bahia e Goiás recebem quase R$ 2 bilhões para projetos na mesma área. No total, o setor já conta com R$ 73 milhões em investimentos, provenientes de empresas, do governo e do Senai. De acordo com Flávio Roscoe, presidente da FIEMG, o Brasil será pioneiro na fabricação desses ímãs nas Américas.
Com capacidade para produzir até 100 toneladas de ímãs por ano, o laboratório pode expandir esse volume conforme a necessidade do mercado. A expectativa é que, até dezembro, sejam fabricadas cinco toneladas, com um crescimento para oito toneladas anuais a partir de 2026.
Esse desenvolvimento faz parte do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), uma iniciativa do governo federal voltada para impulsionar a inovação e reduzir a emissão de carbono no setor automotivo, promovendo a fabricação de veículos mais sustentáveis.
Minerais de terras raras
Detentor da terceira maior reserva mundial de terras raras, o Brasil busca fortalecer sua cadeia produtiva e diminuir a dependência de importações, indo além da simples exportação de matéria-prima. Esses ímãs têm aplicação em diversos setores, como circuitos eletrônicos, lâmpadas de LED, painéis solares, equipamentos de raio-X e dispositivos de armazenamento de dados.
A produção no Brasil utilizará três dos 17 elementos do grupo das terras raras: neodímio, praseodímio e disprósio. Com a expectativa de que a demanda global por esses materiais aumente até seis vezes até 2040, especialistas projetam que o Brasil poderá atender entre 10% e 15% do mercado mundial na próxima década.