Pesquisadores da Escola Politécnica da USP, em parceria com o Instituto Federal de São Paulo (IFSP), estão desenvolvendo um dispositivo inovador para exames de mama, que poderá futuramente substituir a mamografia tradicional.
A nova tecnologia utiliza micro-ondas no lugar da radiação ionizante, oferecendo uma alternativa mais segura, confortável e acessível para a detecção de tumores. A iniciativa está em fase de protótipo e tem como base a ideia de criar um equipamento de baixo custo, fácil de operar e adaptado à realidade brasileira.
Micro-ondas no exame de mamas
Com formato semelhante ao de um sutiã, o equipamento é manuseado manualmente e conectado a um computador, que processa as imagens geradas. Seu principal diferencial é o conforto: o exame é feito ao redor da mama, sem a compressão típica da mamografia.
A tecnologia também permite a captação de imagens por diversos ângulos — até centenas —, superando as limitações dos exames tradicionais, que trabalham com poucas posições fixas. Sem usar radiação, o aparelho se destaca ainda pela acessibilidade.
Por empregar circuitos eletrônicos de fácil produção, pode ser fabricado em grande escala e utilizado em locais com estrutura médica limitada. Utiliza ondas de rádio de banda ultralarga, capazes de identificar tumores de cerca de 1 cm de diâmetro e até 3 cm de profundidade ao detectar variações no tecido mamário.
Alternativa à mamografia
A iniciativa parte da premissa de que soluções tecnológicas simplificadas podem ampliar o acesso ao diagnóstico precoce. O projeto busca desenvolver um equipamento de fácil operação, que dispense a presença de um radiologista e tenha custo estimado em cerca de R$ 1 mil, viabilizando sua produção em massa e distribuição nacional.
Embora apresente resolução inferior à da mamografia em casos muito pequenos, o novo método traz benefícios na visualização de mamas densas e elimina a necessidade de uso de contrastes químicos. Diante da projeção de mais de 73 mil novos diagnósticos de câncer de mama até 2025, segundo o INCA, a inovação brasileira pode se tornar uma alternativa valiosa, especialmente em áreas com pouca infraestrutura de saúde.