De acordo com a Associação Médica Americana (AMA), muitos programas de televisão utilizam licenças criativas para tornar histórias médicas mais emocionantes, o que nem sempre corresponde à prática clínica real.
Um exemplo clássico é Grey’s Anatomy, série norte-americana que conquistou fãs no mundo todo, mas que também perpetua diversos mitos sobre o ambiente hospitalar.
No ar desde 2005, o drama médico chegou à sua 22ª temporada, já disponível no Brasil no Disney+ e no Sony Channel. Com mais de 400 episódios, a produção retrata os dilemas de internos e médicos experientes do fictício Grey Sloan Memorial Hospital, em Seattle. Entretanto, nem tudo que vai ao ar deve ser tomado como verdade científica.
Erros médicos que a série Grey’s Anatomy repete frequentemente
Entre os principais equívocos da série está o uso indevido do desfibrilador em situações de parada cardíaca. Diferentemente do que se vê em Grey’s Anatomy, o procedimento indicado na maioria dos casos é a massagem cardíaca imediata. O uso do desfibrilador é restrito a casos específicos de arritmia.
Vale mencionar que a representação da ressuscitação cardiopulmonar (RCP) também foge da técnica correta. Enquanto os médicos da série flexionam os braços para não ferir os atores, a realidade exige braços rígidos, com compressões torácicas intensas e contínuas para manter a perfusão cerebral.
Outro detalhe importante é a forma como as convulsões são tratadas. Ao contrário das cenas dramáticas, o correto é deitar o paciente de lado, proteger a cabeça e jamais tentar abrir à força a boca da vítima, algo que ainda aparece no roteiro da série.
Além disso, os enfermeiros são quase invisíveis no hospital ficcional. Em Grey’s Anatomy, os médicos executam tarefas que, na prática, são responsabilidade exclusiva da enfermagem, como administrar medicamentos intravenosos, aferir sinais vitais e coletar sangue.
Realidade hospitalar distante da ficção
Embora a série tenha contribuído para popularizar a profissão médica, internos realizando cirurgias complexas logo no primeiro dia é mais uma liberdade artística. Na vida real, procedimentos cirúrgicos são conduzidos por profissionais experientes, com anos de formação prática e supervisão.
É importante mencionar ainda a ausência de óculos de proteção em muitas cenas cirúrgicas. Segundo recomendações da Anvisa, esse equipamento é essencial para proteger os olhos de respingos e fluidos corporais, evitando infecções nos profissionais de saúde.