Recentemente, o Brasil tem assistido a casos trágicos envolvendo o “desafio do desodorante”, um comportamento perigoso que tem levado à morte de crianças e adolescentes.
Em um intervalo de poucos dias, dois casos fatais chamaram a atenção para a gravidade dessa prática, revelando o quão vulneráveis podem ser os jovens, principalmente quando influenciados por desafios propagados nas redes sociais.
As mortes de Sara Raíssa Pereira, de 8 anos, e Brenda Sophia Melo de Santana, de 11 anos, deixam uma lição dolorosa sobre os riscos dessa brincadeira mortal.
Desafio do desodorante
O “desafio do desodorante” é um tipo de brincadeira promovida nas redes sociais, onde crianças e adolescentes são incentivados a inalar o gás liberado por desodorantes aerossóis. Este ato pode parecer inofensivo à primeira vista, mas seus efeitos são devastadores.
As substâncias presentes no desodorante, especialmente o etanol (álcool), e o gás aerosol liberado podem causar sérios danos ao sistema respiratório, levando a complicações graves, como asfixia e parada cardiorrespiratória.
O ato de inalar esse tipo de produto pode causar o rápido comprometimento dos pulmões, dificultando a oxigenação do corpo. Além disso, o gás aerossol contém partículas finas que são extremamente prejudiciais quando inaladas, podendo chegar rapidamente aos brônquios e até ao sangue, afetando os órgãos vitais.
Caso de Sara Raíssa Pereira
Sara Raíssa Pereira, uma menina de apenas 8 anos, perdeu a vida após participar do desafio do desodorante, em um episódio que ocorreu no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), no Distrito Federal.
Ela foi internada no dia 10 de abril e, apesar dos esforços médicos para reanimá-la, não reagiu ao procedimento de reanimação. O que parecia ser uma brincadeira sem consequências fatais se transformou em um pesadelo para a sua família, quando ela sofreu uma parada cardiorrespiratória provocada pela inalação do gás.
A Polícia Civil do Distrito Federal abriu um inquérito para investigar como Sara teve acesso a essa prática e quem foi o responsável por divulgar o desafio, com a possibilidade de responsabilizar criminalmente quem o incentivou.
O delegado João de Ataliba afirmou que, dependendo das circunstâncias, o responsável poderá ser acusado de homicídio duplamente qualificado, com penas que podem chegar a 30 anos de prisão.
Trágica perda de Brenda Sophia Melo de Santana
Brenda Sophia Melo de Santana, de 11 anos, foi outra vítima fatal do desafio do desodorante. O incidente ocorreu em Bom Jardim, na região metropolitana de Recife, no dia 9 de abril.
Brenda foi encontrada em sua casa, já em parada cardiorrespiratória, ao lado de um frasco de desodorante aerossol. Sua morte é ainda investigada pela polícia, que aguarda os laudos do Instituto Médico Legal (IML) para determinar as causas exatas da tragédia. As circunstâncias que levaram Brenda a realizar a prática ainda são nebulosas, mas o fato é que ela não resistiu aos danos causados pela inalação do produto.
Impacto das redes sociais na formação de comportamentos perigosos
Em ambos os casos, a influência das redes sociais se faz presente. Desafios como o do desodorante ganham popularidade entre os jovens por meio da divulgação de vídeos e postagens, muitas vezes sem qualquer consideração pelos riscos à saúde.
As plataformas sociais, em grande parte, tornam-se espaços para a propagação de tendências que podem ser destrutivas, como essa prática, que resulta em consequências fatais.
É importante destacar que a busca por popularidade e a pressão para se encaixar em grupos podem influenciar decisões impulsivas entre as crianças e adolescentes. Esses comportamentos de risco, em muitos casos, são compartilhados como uma maneira de conquistar atenção ou validação entre os pares, sem compreender a gravidade das consequências.
Consequências legais
O caso de Sara Raíssa Pereira, assim como o de Brenda Sophia Melo de Santana, levanta a discussão sobre a necessidade de responsabilizar quem propaga esses desafios perigosos.
A divulgação de conteúdos que incentivam comportamentos arriscados deve ser tratada com seriedade. Quando esses desafios resultam em danos irreparáveis, como mortes, é imperativo que haja responsabilização legal, para que outros possíveis casos possam ser evitados.
A investigação da Polícia Civil do Distrito Federal, que está apurando a autoria do desafio que levou à morte de Sara, deve ser um exemplo para outros estados e países, demonstrando que a promoção de conteúdos que causam dano a menores de idade pode ser punida com a severidade necessária.