De acordo com a Royal Society of London, uma das instituições científicas mais prestigiadas do mundo, um dos trabalhos mais notáveis do matemático britânico Alan Turing ultrapassou os limites da computação para impactar a biologia moderna.
Vale mencionar que pouco antes de sua morte, em 1952, Turing publicou o artigo “A base química da morfogênese”, onde apresentou uma teoria matemática capaz de explicar como surgem padrões como as manchas de leopardo ou as listras de zebras, um mistério que intrigava cientistas há séculos.
Turing, conhecido mundialmente por seu papel decisivo na quebra do código Enigma durante a Segunda Guerra Mundial, se voltou nos últimos anos de vida a uma pergunta fundamental: como organismos semelhantes em sua fase embrionária podem, com o tempo, desenvolver formas tão distintas?
A resposta, segundo ele, estava nos padrões visíveis da natureza, e nas equações por trás deles.
A lógica por trás das manchas de leopardo
É importante mencionar que o ponto de partida de Turing foi a observação dos desenhos naturais que compõem a superfície de muitos seres vivos.
Fascinado pelas manchas de leopardos, pelas espirais de sementes nos girassóis e pela simetria das margaridas, ele desenvolveu uma teoria baseada na interação de substâncias químicas que chamou de morfógenos.
Esses agentes, argumentou ele, se espalhavam entre células inicialmente idênticas, desencadeando reações que davam origem a padrões físicos distintos.
Vale mencionar que sua proposta foi ousada para a época: os morfógenos, segundo ele, interagiam por meio de um mecanismo chamado reação-difusão, gerando contrastes como listras, manchas ou formas espirais.
Ainda que a natureza química dessas substâncias não fosse claramente conhecida, Turing formulou equações que, mesmo com as limitações dos computadores da década de 1950, conseguiram simular padrões semelhantes à pele de uma vaca ou de um felino.
Uma teoria à frente de seu tempo
Outro detalhe importante é que, mesmo sendo publicada na principal revista científica do Reino Unido, a teoria de Turing permaneceu praticamente ignorada por décadas. Isso porque os recursos computacionais da época não permitiam comprovar suas equações de forma eficiente.
Entretanto, com os avanços da biologia molecular e da tecnologia digital a partir dos anos 1980, cientistas conseguiram validar suas hipóteses.
Com isso, a teoria das manchas de leopardo, como ficou popularmente conhecida, se consolidou como base da biologia matemática, influenciando áreas como neurociência, botânica, geologia e até mesmo design de tecnologias sustentáveis.
Sendo assim, Alan Turing não apenas revolucionou a computação, mas também deixou um legado duradouro sobre os padrões escondidos nas formas vivas.