O avanço das mudanças climáticas coloca o Brasil em situação crítica: 2.600 municípios já estão em nível elevado ou muito elevado de risco para desastres naturais, como estiagens prolongadas, enchentes e deslizamentos de terra.
A estimativa é do AdaptaBrasil, ferramenta do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), que não inclui no cálculo outros fenômenos extremos, como incêndios florestais, ondas de calor e de frio — também agravados pelo aquecimento global.
Combate de desastres naturais
Com o agravamento dos eventos extremos, é fundamental ir além da redução das emissões de gases e fortalecer a capacidade dos municípios para enfrentar suas consequências. A ausência de um planejamento público eficaz tem dificultado esse avanço, especialmente em um país marcado por profundas desigualdades sociais, que intensificam os impactos dos desastres.
Diante disso, a adaptação climática passa a ser uma prioridade imediata. Isso começa pelo mapeamento detalhado dos riscos locais, seguido pela elaboração e execução de medidas práticas que aumentem a resiliência das cidades. Essas ações precisam ser contínuas, constantemente revisadas e alinhadas às condições sociais e ambientais específicas de cada região.
Para enfrentar esse desafio, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima criou o programa AdaptaCidades, que oferece suporte técnico, dados sobre os riscos climáticos e ajuda na busca por recursos financeiros. O projeto, inicialmente voltado para 260 municípios, expandiu-se para mais de 500, com planos previstos para serem concluídos até 2026 e implementados a partir de 2027.
Municípios brasileiros
O desafio não se limita ao planejamento: colocar os planos em prática, acompanhar seus resultados e incorporar soluções naturais são etapas essenciais. Nas áreas urbanas brasileiras, é preciso enfrentar problemas específicos, como as ilhas de calor, que surgem devido à alta densidade de construções e à escassez de áreas verdes.
Algumas cidades, como Recife e Santos, já avançam com iniciativas que combinam obras estruturais e ações ambientais para fortalecer sua capacidade de resistir às mudanças climáticas. Adaptar-se ao clima em transformação é um processo constante, que demanda conhecimento técnico, gestão eficaz e um compromisso político sólido voltado à proteção das comunidades mais vulneráveis.