O que pode inicialmente parecer alarmante ou até apocalíptico para a maioria das pessoas, na verdade, é uma ocorrência completamente natural no universo.
O encolhimento de corpos celestes como a Lua e Mercúrio, embora cause certa apreensão em quem não é especialista, é um fenômeno totalmente compreensível para os cientistas. A explicação por trás desse processo está no resfriamento gradual de seus núcleos, algo que ocorre com todos os corpos celestes ao longo de bilhões de anos.
Natureza do encolhimento
O processo de encolhimento da Lua e de Mercúrio, assim como de muitos outros corpos celestes, está intrinsecamente ligado à evolução geológica dos mesmos.
Desde sua formação, esses corpos possuem um calor interno devido à energia gerada por sua própria criação e pela desintegração de elementos radioativos presentes em seus núcleos. Com o passar do tempo, esse calor vai se dissipando lentamente para o espaço, e à medida que os materiais internos esfriam, ocorre uma contração ou encolhimento dos mesmos.
Este processo é comum para qualquer corpo celeste que possua uma estrutura sólida ou semissólida e que tenha um núcleo suficientemente quente para sofrer mudanças estruturais ao longo de vastos períodos de tempo.
A princípio, todos os planetas e luas começam muito quentes, mas, com o resfriamento, seus núcleos encolhem lentamente, mudando a forma e a estrutura interna desses corpos.
Impacto do resfriamento nos corpos celestes
O planeta Mercúrio, por exemplo, tem um núcleo metálico grande, composto principalmente de ferro. Quando o núcleo metálico resfria, ele contrai mais rapidamente do que as rochas que formam o manto.
Esse processo de contração tem levado à formação de grandes falhas na superfície do planeta, chamadas de “falhas de empilhamento”, que são resultado do encolhimento do corpo celeste.
A Lua, que compartilha características geológicas semelhantes com Mercúrio, também está experimentando esse processo. Embora não tenha uma atmosfera para proteger seu interior do espaço, a Lua ainda conserva algum calor interno suficiente para causar esse fenômeno de resfriamento e encolhimento.
Em sua superfície, isso é visível através da presença de rachaduras e escarpas, estruturas geológicas formadas pela contração de seu interior.
A Terra também está encolhendo?
Sim, a Terra também está passando por um processo de resfriamento e encolhimento. Embora o processo na Terra seja muito mais lento do que em Mercúrio e na Lua, ele ainda está em andamento.
O núcleo da Terra, composto em grande parte de ferro e níquel, está esfriando ao longo de bilhões de anos. Porém, existem características específicas da Terra que tornam seu resfriamento e encolhimento mais lentos do que os de Mercúrio e da Lua:
- Atmosfera terrestre: A Terra possui uma atmosfera densa que impede a perda rápida de calor. Além disso, nossa camada gasosa ajuda a reter material que cai do espaço, além de proteger a superfície terrestre da fuga de gases leves, como hidrogênio e hélio. Isso contribui para a retenção de calor, ajudando a retardar o resfriamento do planeta.
- Entrada de material espacial: Embora o planeta ganhe material externo devido à entrada de meteoros e partículas espaciais, esse valor é bem pequeno em comparação à quantidade de gás que escapa da atmosfera ao longo dos anos. Isso faz com que, mesmo com a entrada de material, a Terra esteja, na verdade, perdendo massa continuamente.
Impacto do encolhimento no Planeta Terra
A Terra, como mencionado, perde aproximadamente 50 mil toneladas de massa anualmente. Para muitas pessoas, esse número pode parecer grande, mas em relação à imensa massa do planeta, essa quantidade é praticamente insignificante.
De acordo com cálculos realizados por cientistas da NASA, a alteração no raio da Terra é de cerca de 0,1 milímetro por ano, o que é praticamente imperceptível e classificado como uma mudança mínima.
Em termos práticos, esse encolhimento é de tão pequena magnitude que não apresenta nenhum risco imediato para a Terra ou para a vida humana. Embora o planeta esteja, de fato, perdendo massa e sofrendo um resfriamento contínuo, a taxa é tão lenta que não há motivo para preocupações de curto ou médio prazo.
Portanto, mesmo com o resfriamento gradual de planetas e luas, os cientistas consideram esse fenômeno um evento normal dentro da evolução geológica do Sistema Solar.