Em mais um caso chocante que envolve a mistura perigosa entre fé e abuso de poder, um líder religioso foi preso na última semana em Florianópolis, Santa Catarina.
Uberto Gama, de 63 anos, é acusado de ter cometido violência sexual contra fiéis ao longo de duas décadas, utilizando sua posição de autoridade para manipular emocional e espiritualmente as vítimas.
A investigação, conduzida pelo Ministério Público do Paraná, aponta que o suposto guru se aproveitava da confiança depositada nele por membros do grupo que liderava em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba.
Líder religioso é preso por suspeita de violência sexual contra fiéis
De acordo com as denúncias, o líder religioso mantinha controle absoluto sobre a vida dos integrantes do seu círculo, chamado por ele de “clã”.
Nada escapava de sua influência — desde casamentos até decisões profissionais, passando por questões familiares e espirituais. Os casais só podiam se unir com a aprovação direta dele, e havia casos em que o próprio líder decidia quem deveria se casar com quem.
Para o Ministério Público, essa interferência constante e deliberada configura uma clara relação de dominação psicológica e religiosa.
O crime que pesa sobre o líder religioso é o de violação sexual mediante fraude. Nesse tipo de infração, não há uso de força física, mas sim manipulação ou engano como meios para obter o ato sexual.
Segundo a promotora de Justiça Tarcila Santos Teixeira, Gama convencia as vítimas de que o contato íntimo era uma espécie de ritual espiritual.
Ele se apresentava como um ser elevado, isento de desejos terrenos, e afirmava que os encontros seriam uma forma de “emprestar sua energia” para fins de cura ou crescimento pessoal das mulheres envolvidas.
5 vítimas do líder religiosos procuraram o Ministério Público
As investigações começaram após o depoimento de cinco vítimas que procuraram o Ministério Público. Com a divulgação do caso, outras mulheres também se apresentaram relatando experiências semelhantes.
Apesar da gravidade das acusações, a defesa de Uberto Gama ainda não se pronunciou publicamente.
As autoridades ressaltam que os abusos podem ter ocorrido durante mais de 20 anos, embora muitos dos fatos mais antigos estejam prescritos. Ainda assim, há evidências de continuidade nos atos até 2024, o que mantém a investigação ativa.
O Ministério Público segue incentivando outras possíveis vítimas a denunciarem, com atendimento especializado oferecido pelo Núcleo de Apoio à Vítima de Estupro (Naves).