Na esteira das investigações que vêm sendo conduzidas para apurar descontos indevidos aplicados diretamente nos benefícios pagos a aposentados e pensionistas do INSS, o Jornal Nacional trouxe à tona, na semana passada, mais um capítulo alarmante do esquema.
A reportagem revelou uma rede organizada que operava com o objetivo de aplicar golpes em beneficiários por meio de associações e ferramentas digitais, explorando brechas nos sistemas de controle do próprio Instituto Nacional do Seguro Social.
Jornal Nacional expõe esquema de fraudes contra aposentados
Segundo informações divulgadas, o esquema envolvia entidades que, em nome de representar os interesses dos aposentados, realizavam filiações em massa sem consentimento dos beneficiários.
A fraude era sustentada por um sistema aparentemente sofisticado: sites de assinaturas digitais controlados por empresas ligadas a Igor Dias Delecrode, apontado como figura central do esquema, segundo reportagem do Jornal Nacional.
Ele é proprietário de seis empresas do ramo e, ao longo dos últimos anos, manteve vínculos diretos com diversas associações envolvidas nas fraudes. Além de fornecer a tecnologia, Delecrode ocupou cargos de direção ou representação em pelo menos três dessas entidades.
O golpe funcionava da seguinte forma: aposentados eram incluídos em listas de associados sem qualquer solicitação formal ou conhecimento prévio.
As fichas de filiação apresentadas ao INSS eram sustentadas por assinaturas eletrônicas falsificadas — algumas contendo dados falsos, como números de documentos inexistentes.
O objetivo era legitimar os descontos mensais nos benefícios, simulando adesão voluntária a essas associações.
Entre as entidades investigadas estão a ANDDAP, a Masterprev, a ABCB/Amar Brasil e a AAPEN. Todas elas, segundo apuração, utilizaram plataformas de assinatura digital controladas por Delecrode para formalizar adesões fraudulentas.
O volume de dinheiro envolvido é expressivo: apenas entre 2022 e 2023, cerca de R$ 1 bilhão foi descontado de aposentados por essas entidades.
Esquema causou prejuízos para aposentados
As consequências vão além do prejuízo financeiro. Documentos internos do INSS revelam que áreas técnicas identificaram sinais de fraude ainda em 2023, mas alertas foram ignorados por membros da alta direção do Instituto.
O então diretor de Benefícios, André Fidelis, chegou a autorizar os descontos mesmo diante de evidências de irregularidades. Ele acabou afastado do cargo por decisão judicial.
Apesar da gravidade, a resposta institucional foi morosa. As investigações continuam, e a defesa de Igor Delecrode alega que todas as suas atividades são legais. Já os demais envolvidos, até o momento, não se pronunciaram.