O diretor palestino Hamdan Ballal, um dos responsáveis pelo documentário Sem Chão, vencedor do Oscar 2025 na categoria Melhor Documentário, foi preso por forças israelenses após ser brutalmente agredido por colonos na Cisjordânia.
O caso ganhou repercussão internacional e levanta novas preocupações sobre a repressão de Israel a palestinos, inclusive figuras públicas de destaque.
Israel prende palestino vencedor do Oscar de melhor documentário
O episódio ocorreu na segunda-feira (24), nas proximidades da comunidade de Susya, uma área ocupada por colonos israelenses no sul da Cisjordânia.
Segundo relatos de testemunhas e dos demais diretores do filme, um grupo de colonos atacou Ballal e outros ativistas com pedras e bastões. O cineasta sofreu ferimentos na cabeça e no abdômen.
Uma ambulância foi chamada para prestar socorro, mas soldados israelenses interceptaram o veículo e retiraram Ballal à força, mesmo enquanto ele recebia atendimento médico. Desde então, seu paradeiro é desconhecido.
Testemunhas afirmam que entre 10 e 20 colonos, muitos mascarados, participaram da ação. Ativistas estrangeiros que estavam no local também foram agredidos. Carros foram depredados e pneus, esvaziados.
Organizações de direitos humanos denunciam o aumento dos ataques por parte de colonos na região, frequentemente cometidos com impunidade e, em alguns casos, com cobertura militar de Israel.
A Cisjordânia vive uma escalada de tensão desde o fim do cessar-fogo entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, em 2024.
O governo israelense intensificou operações militares no território, incluindo a entrada de tanques em Jenin e a destruição de estruturas em várias comunidades palestinas.
A presença de mais de 140 assentamentos israelenses em território palestino, considerados ilegais pela comunidade internacional, agrava o conflito.
Documentário vencedor do Oscar é dirigido por dois palestinos
Sem Chão é um documentário codirigido por dois palestinos — Ballal e Basel Adra — e dois israelenses — Yuval Abraham e Rachel Szor.
O filme retrata a luta dos moradores de Masafer Yatta, uma região sob ameaça constante de expulsão pelo Exército israelense, que declarou o local uma zona militar de treinamento.
A obra mostra a destruição de casas e plantações, além da violência sofrida pela população local.
Com distribuição independente e sem apoio de grandes estúdios, o filme foi exibido nos Estados Unidos por apenas uma semana, estratégia suficiente para torná-lo elegível ao Oscar.
A produção já havia sido premiada em Berlim e em Nova York antes de conquistar o prêmio da Academia.