O consumo frequente de alimentos ultraprocessados, carregados de açúcares, sal e aditivos, pode afetar o metabolismo e a função cerebral em pouco tempo. De acordo com um estudo divulgado na revista Nature Metabolism, esses produtos reduzem a sensibilidade do cérebro à insulina, elevam a quantidade de gordura no fígado e modificam o sistema de recompensa cerebral após apenas cinco dias de ingestão contínua.
Cientistas do Instituto de Pesquisa de Diabetes e Doenças Metabólicas do Centro Helmholtz de Munique, em parceria com a Universidade de Tübingen, analisaram o impacto dos ultraprocessados em 29 homens saudáveis, com idades entre 19 e 27 anos.
Impacto na insulina
Os participantes foram separados em dois grupos: um seguiu sua dieta regular, enquanto o outro adicionou 1.500 calorias diárias de ultraprocessados à alimentação. Além disso, a atividade física foi controlada, permitindo no máximo 4 mil passos diários ao longo do estudo.
Os achados revelaram que, em apenas alguns dias, o consumo desses alimentos causou alterações marcantes no corpo. Foi observado um aumento na gordura do fígado e uma menor resposta cerebral à insulina, condição ligada ao risco de obesidade, diabetes tipo 2 e comprometimento cognitivo.
Além disso, os voluntários que ingeriram ultraprocessados exibiram mudanças no aprendizado de recompensa, mostrando menos motivação para estímulos positivos e uma resposta intensificada a punições — um comportamento frequentemente observado em indivíduos com obesidade.
Consumo de ultraprocessados
O Ministério da Saúde adverte que os alimentos ultraprocessados, além de terem baixo valor nutricional, estão ligados ao aumento do risco de doenças como hipertensão, câncer e depressão. Por serem saborosos e práticos, costumam ser consumidos em excesso, frequentemente substituindo opções mais saudáveis. Entre os principais exemplos estão biscoitos recheados, refrigerantes, salgadinhos e macarrão instantâneo, cujo consumo deve ser controlado.
Para uma alimentação mais saudável, especialistas sugerem dar preferência a alimentos in natura ou minimamente processados e manter a despensa organizada para evitar o consumo excessivo de industrializados. Ajustes simples na rotina alimentar, combinados com orientação nutricional, podem ajudar na prevenção de doenças e no bem-estar geral.