Líder no setor de entregas por aplicativo no Brasil, o iFood pode estar prestes a enfrentar seu maior desafio desde que se consolidou como principal plataforma do país.
A chegada da Keeta, marca de delivery da gigante chinesa Meituan, promete movimentar o mercado com a promessa de altos investimentos e possível remuneração mais vantajosa para entregadores — o que pode redesenhar completamente a disputa por trabalhadores e consumidores no setor.
iFood pode acabar com a chegada de empresa chinesa
O iFood já lida com pressões constantes vindas de diferentes frentes. De um lado, entregadores insatisfeitos cobram melhorias urgentes nas condições de trabalho e no valor das corridas.
Do outro, restaurantes se queixam das altas comissões cobradas e da dificuldade em obter visibilidade dentro da plataforma.
Além disso, empresas concorrentes como Rappi e 99Food têm ampliado suas operações e apostado em incentivos agressivos para atrair tanto parceiros comerciais quanto trabalhadores de entrega.
Agora, com a entrada da Meituan no Brasil — e um investimento inicial declarado de R$ 5,6 bilhões —, o iFood pode ver seu domínio ameaçado.
A nova concorrente ainda não detalhou sua política de pagamentos, mas sinaliza a criação de uma base robusta de até 100 mil entregadores.
Caso a empresa chinesa ofereça comissões mais atrativas, especialistas acreditam que uma migração em massa de trabalhadores pode ocorrer, principalmente diante da insatisfação já existente com o iFood.
iFood passa a pagar valor maior, mas abaixo do que entregadores necessitam
Em resposta ao cenário cada vez mais competitivo, o iFood anunciou novas regras de remuneração para entregadores a partir de junho.
Agora, quem faz entregas de moto ou carro recebe no mínimo R$ 7,50 por rota de até 4 km. Para bicicletas, o valor mínimo é de R$ 7. Cada quilômetro extra rende R$ 1,50, e entregas adicionais em uma mesma viagem somam R$ 3 por pedido.
Apesar da atualização, a recepção entre os entregadores foi morna. Muitos apontam que os valores ainda são insuficientes diante da carga de trabalho, dos custos com manutenção de veículos e dos riscos enfrentados diariamente nas ruas.
Representantes da categoria defendem um piso de R$ 10 por entrega e R$ 2,50 por quilômetro, além de bônus mais justos para entregas múltiplas.
Com a promessa da Keeta de movimentar bilhões e o descontentamento crescente dentro do iFood, a liderança da empresa brasileira pode, de fato, estar por um fio. O mercado de delivery se torna, assim, terreno fértil para uma mudança profunda no modelo atual.