O Superior Tribunal Militar (STM) rejeitou um pedido de habeas corpus preventivo que buscava impedir uma possível prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A solicitação foi feita por um estudante e não pela defesa do ex-mandatário, e argumentava que os fatos investigados pela Polícia Federal deveriam ser analisados pela Justiça Militar.
O pedido foi negado pelo ministro relator Carlos Augusto Amaral Oliveira, que enfatizou que a competência para julgar o caso pertence ao Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão mantém Bolsonaro vulnerável a uma possível prisão preventiva no âmbito da investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado em 2022.
Pedido de Habeas Corpus e seus argumentos
O habeas corpus foi impetrado pelo estudante Joaquim Pedro de Morais Filho, e não pela defesa oficial de Bolsonaro. O solicitante argumentava que qualquer decisão sobre medidas cautelares contra o ex-presidente deveria ser avaliada pela Justiça Militar.
- A defesa se baseia na Lei nº 13.491/2017, que ampliou o conceito de crimes militares.
- O pedido argumenta que atos praticados por Bolsonaro poderiam ser enquadrados como crimes militares por extensão.
- Com isso, qualquer decisão sobre sua prisão deveria passar primeiro pelo STM.
Porém, esse raciocínio foi rejeitado, e o pedido foi arquivado.
Decisão do STM e seus fundamentos
O ministro Carlos Augusto Amaral Oliveira negou o habeas corpus, destacando que o STM não tem competência para julgar um pedido relacionado a uma investigação em curso no STF.
Motivos para a negativa do habeas corpus
- A investigação está sob responsabilidade do STF, e não da Justiça Militar.
- O artigo 102 da Constituição estabelece que compete ao STF analisar habeas corpus contra atos de seus próprios ministros.
- Mesmo que os eventos investigados pudessem ser considerados crimes militares, a decisão sobre prisão preventiva não cabe ao STM.
Diante disso, o pedido foi classificado como “manifestamente estranho à competência” do tribunal, sendo arquivado sem possibilidade de revisão.
Contexto das investigações contra Bolsonaro
Bolsonaro é alvo de investigações da Polícia Federal por sua possível participação em uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Os principais eventos analisados incluem:
- A campanha de desinformação sobre as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral.
- A tentativa de desacreditar as instituições democráticas e a recusa em reconhecer a vitória de Lula.
- Reuniões e planos para impedir a posse do presidente eleito.
- Os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando radicais bolsonaristas invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) já denunciou Bolsonaro no STF por sua possível participação nesses eventos, o que aumenta o risco de uma decisão mais severa contra ele, incluindo uma prisão preventiva.
Estratégias da defesa de Bolsonaro
Enquanto o STM rejeitou o habeas corpus, a defesa do ex-presidente tem adotado estratégias para tentar minimizar os riscos de uma decisão desfavorável no STF.
Os advogados de Bolsonaro entraram com um pedido no STF para que a denúncia da PGR seja analisada pelo plenário da Corte, e não pela Primeira Turma.
- O plenário é composto por 11 ministros, enquanto a Primeira Turma tem apenas 5 ministros.
- A defesa acredita que no plenário há mais chances de um julgamento equilibrado.
- O STF ainda não decidiu sobre esse pedido, mas a escolha do fórum pode impactar o desfecho do caso.
Se a Primeira Turma ficar responsável pelo julgamento, o caso pode avançar mais rapidamente. Se for para o plenário, Bolsonaro pode ganhar tempo e tentar novas estratégias jurídicas.
A decisão do STM reforça que a Justiça Militar não tem competência para intervir no caso de Bolsonaro e que qualquer decisão sobre sua prisão cabe ao STF.
Enquanto isso, a defesa do ex-presidente busca adiar e reverter os possíveis desdobramentos do processo. Nos próximos meses, o Brasil poderá assistir a um dos julgamentos mais importantes de sua história recente, com consequências diretas para o cenário político e para a estabilidade democrática do país.