Um dos nomes mais tradicionais do mercado de vinhos em Nova York, a loja Sherry-Lehmann Wine & Spirits, tornou-se centro de um escândalo envolvendo fraudes, dívidas e o desaparecimento de garrafas valiosas pertencentes a antigos clientes.
Localizada por décadas na prestigiosa Park Avenue, a loja acumulou prestígio ao longo de quase 90 anos, sendo frequentada por celebridades e grandes nomes dos negócios e da política.
No entanto, em 2023, a empresa fechou as portas sob acusações de má gestão financeira e retenção indevida de vinhos pagos antecipadamente. Agora, o caso ganha um novo e estranho capítulo com o reaparecimento de parte desse acervo.
Garrafas raras ressurgem após escândalo em loja histórica de Nova York
Recentemente, garrafas que haviam sumido misteriosamente começaram a circular novamente, mas de maneira inusitada. Algumas delas foram colocadas à venda por um antiquário nova-iorquino chamado Lee Rosenbloom, também conhecido como “Lee, the Appraiser”.
Dono do APR57, Rosenbloom oferecia os rótulos em sua plataforma junto com itens curiosos ligados à loja. No entanto, os detalhes dos produtos anunciados causaram espanto e desconfiança entre especialistas e ex-clientes da Sherry-Lehmann.
Entre os itens reaparecidos estava um Grand Cru Bienvenues-Bâtard-Montrachet 2001, vinho branco francês de alta reputação, anunciado por quase US$ 5 mil. O detalhe: a garrafa estava vazia, embora o mesmo rótulo, quando cheio e lacrado, valha cerca de US$ 1 mil no mercado.
Outro exemplo foi um Chateau Bel Air Bordeaux 2019, uma marca própria da Sherry-Lehmann, que apareceu por US$ 695, mesmo valendo apenas US$ 16 atualmente.
A lista segue com uma garrafa de Lacroix Barton Bordeaux 2018, “60% cheia”, com valor de US$ 495 — uma diferença absurda em relação ao seu preço de mercado, de cerca de US$ 11.
Além das garrafas de vinho, local também comercializa outros itens
Além dos vinhos, o antiquário também comercializou supostos itens históricos da loja, como um capacete de construção que teria pertencido a um dos últimos proprietários da Sherry-Lehmann, anunciado por quase US$ 8 mil, e uma caixa vazia de Dom Pérignon por US$ 295.
Hoje, o site do antiquário está fora do ar e a loja física aparece como temporariamente fechada.
O reaparecimento dessas garrafas levanta novas dúvidas sobre o destino do acervo perdido da Sherry-Lehmann.
Enquanto isso, a reputação de uma das mais icônicas casas de vinhos dos EUA segue manchada por episódios que misturam luxo, negligência e mistério.