O Ministério Público Federal (MPF) revelou a existência de um esquema de contrabando internacional envolvendo fósseis retirados ilegalmente da Chapada do Araripe, no Ceará.
A descoberta deu início a uma operação de cooperação internacional que resultou na repatriação de peças paleontológicas de alto valor científico, anteriormente levadas clandestinamente à Europa.
A ação é parte de um esforço contínuo para conter o tráfico de patrimônio natural brasileiro, crime que tem afetado diretamente uma das regiões mais ricas em fósseis do mundo.
Fósseis retirados de sítio eram contrabandeados para a Europa
A investigação começou após uma pesquisadora identificar, em fevereiro de 2023, a oferta de fósseis brasileiros em um site estrangeiro especializado na venda de rochas e peças desse tipo.
O material em questão, anunciado por valores elevados, chamou atenção por apresentar características típicas da chamada Pedra Cariri — rocha sedimentar característica da Formação Crato, localizada no Cariri cearense.
A denúncia foi encaminhada ao MPF, que passou a apurar a procedência das peças paleontológicas.
Com o auxílio da Polícia Federal, de especialistas em paleontologia e da Secretaria de Cooperação Internacional do MPF, foi possível comprovar que os 25 fósseis de insetos haviam sido extraídos do território brasileiro sem qualquer autorização legal.
A equipe técnica produziu um laudo atestando a origem das peças, com base na composição geológica e nos vestígios de preparação para comercialização — indícios comuns em fósseis vendidos a colecionadores.
Autoridades britânicas colaboraram com recuperação dos fósseis
As informações foram enviadas às autoridades britânicas, que colaboraram com o processo de localização e devolução do material. A repatriação foi concluída recentemente, e os fósseis chegaram ao Brasil sob custódia da Procuradoria Geral da República.
Eles serão encaminhados ao Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, instituição vinculada à Universidade Regional do Cariri e responsável por pesquisas e escavações na região.
O episódio reforça a importância da cooperação internacional no combate ao tráfico de fósseis, atividade que compromete o patrimônio científico e histórico do país.
Desde 2022, mais de mil peças paleontológicas extraídas ilegalmente da Chapada do Araripe foram recuperadoa pelo MPF em ações similares.
As investigações continuam, com o objetivo de identificar os responsáveis pela extração e envio clandestino das peças, e de impedir que novas ocorrências prejudiquem a preservação do legado paleontológico nacional.