Após um intervalo de 24 anos sem revisões, o Ministério da Saúde promoveu uma ampliação significativa na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT), que passou de 182 para 347 patologias reconhecidas como decorrentes ou agravadas por atividades laborais.
Essa atualização acompanha as mudanças nas rotinas de trabalho, o surgimento de novos riscos à saúde dos profissionais e a crescente demanda por medidas que garantam maior proteção no ambiente laboral. Entre os destaques da nova lista está a inclusão da Covid-19 como doença ocupacional em contextos específicos — como no caso de trabalhadores da área da saúde, que estão mais expostos ao vírus em sua atuação diária.
Nova lista
Foram incluídas na lista diversas doenças de origem psíquica, como a síndrome de burnout, a depressão e os transtornos de ansiedade — males cada vez mais presentes em ambientes de trabalho marcados por pressão e estresse constantes. A lista também passou a abranger distúrbios musculoesqueléticos e novos tipos de câncer associados à exposição a agentes tóxicos.
A estrutura da LDRT foi reorganizada em três categorias: o primeiro grupo reúne doenças cuja origem está diretamente relacionada ao trabalho; o segundo inclui aquelas em que o trabalho atua como fator contribuinte; e o terceiro contempla enfermidades que podem ser desencadeadas ou agravadas por condições laborais. Essa nova classificação torna o monitoramento dos casos mais eficiente e auxilia na criação de políticas públicas direcionadas.
Doenças ocupacionais
A revisão da lista de doenças ocupacionais vai além da saúde e traz reflexos diretos nos direitos dos trabalhadores. Aqueles que forem diagnosticados com alguma das patologias reconhecidas passam a ter direito a benefícios legais, como o auxílio-doença acidentário, a garantia de estabilidade no emprego por até um ano após a recuperação e, em alguns casos, a indenizações por danos sofridos.
O papel do Sistema Único de Saúde (SUS) permanece central nesse processo, sendo responsável pelo diagnóstico, tratamento e registro oficial dos casos. Desde 2007, o sistema já contabilizou quase 3 milhões de notificações no país.
Paralelamente, a prevenção segue como a estratégia mais eficaz para proteger a saúde do trabalhador, com medidas que incluem práticas ergonômicas, fornecimento e uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), adequação dos espaços de trabalho e ações educativas promovidas pelas empresas.