De acordo com dados da consultoria internacional Berylls by AlixPartners, fornecedores europeus e americanos possuem estoques de terras raras suficientes para apenas cinco a seis semanas. Esses materiais são fundamentais para a fabricação de motores elétricos e outros componentes indispensáveis na indústria automotiva.
A crise, que remete ao colapso dos semicondutores em 2021, é resultado de uma decisão estratégica do governo chinês. Desde abril, a China, que controla cerca de 90% da produção mundial de terras raras, segundo o US Geological Survey (USGS), impôs restrições rigorosas à exportação de elementos como neodímio, utilizado na produção de ímãs permanentes essenciais para motores de carros elétricos.
Se o fornecimento não for normalizado nas próximas semanas, há risco real de paralisação total de linhas de montagem na Europa já em junho de 2025. Isso porque, sem ímãs, não há motores; e, sem motores, não há produção de carros.
Dependência crítica e impacto na indústria automotiva
Vale mencionar que, embora as restrições chinesas tenham como alvo principal os Estados Unidos, os efeitos colaterais impactam diretamente a Europa. A fabricação de motores síncronos, amplamente utilizados em veículos elétricos, depende quase totalmente das terras raras.
Além dos motores, os ímãs feitos com esses materiais são utilizados em direção hidráulica, sensores, sistemas de áudio, ar-condicionado e turbinas eólicas, componentes sem os quais os carros modernos simplesmente não podem ser fabricados.
Outro detalhe importante é que, segundo a Berylls, o preço de certas terras raras já subiu entre 40% e 50% nos últimos meses. Entretanto, o problema não é apenas o custo, mas sobretudo a disponibilidade imediata, uma vez que as exportações chinesas estão praticamente estagnadas desde o início de abril.
Dessa forma, o modelo de produção just-in-time, adotado por grande parte da indústria automotiva europeia, está diretamente ameaçado.
Soluções emergenciais e alternativas para o futuro dos carros
É importante mencionar que, diante do cenário, governos e empresas buscam soluções de curto prazo, como a abertura de estoques estratégicos e a possibilidade de importação emergencial de ímãs do Japão. Entretanto, nenhuma medida concreta foi efetivamente adotada até o momento.
Além disso, a União Europeia discute estratégias de longo prazo, como a diversificação de fornecedores, o incentivo à extração interna de minerais críticos e o avanço na pesquisa por materiais alternativos que possam reduzir a dependência das terras raras.