O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, revelou nesta semana que o Brasil se prontificou a oferecer suporte técnico à Espanha e a Portugal após o apagão em larga escala que afetou os dois países e parte do sul da França no dia 28 de abril.
Segundo Feitosa, a proposta foi prontamente recusada pelas autoridades energéticas dos países europeus, que alegaram estar integralmente focadas na apuração interna do colapso elétrico.
A negativa não foi tratada como desconfiança, mas sim como uma escolha operacional diante da complexidade do cenário.
Europa negou ajuda da Aneel durante apagão em países
Durante um evento promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Madri, o dirigente da Aneel explicou que sua viagem à Europa já estava programada desde o início do ano, e portanto, não tinha relação com o ocorrido no continente na última semana de abril.
Ao tomar conhecimento do apagão, decidiu contatar diretamente os operadores responsáveis pelas redes energéticas da Espanha e de Portugal, colocando à disposição o conhecimento técnico acumulado pelo setor elétrico brasileiro.
A resposta recebida, no entanto, foi que, naquele momento, as operadoras estavam integralmente ocupadas com as investigações em andamento e não poderiam contar com apoio externo que, na opinião deles, naquele momento não seria útil.
Feitosa argumentou que a Aneel poderia ter contribuído significativamente com a análise dos eventos, especialmente por conta da robustez e complexidade do sistema interligado brasileiro, cuja malha de transmissão é comparável à da Europa em termos de extensão e gestão.
Ele destacou que o Brasil já enfrentou episódios semelhantes e possui protocolos eficientes de recomposição de energia, que poderiam ser valiosos no diagnóstico e na prevenção de falhas futuras.
Além disso, a ANEEL mantém uma equipe técnica especializada em eventos críticos, com experiência tanto no campo regulatório quanto operacional.
Apesar de recusar ajuda da ANEEL, países seguem investigando apagão
O apagão que motivou esse movimento de solidariedade da ANEEL partiu de uma falha abrupta no fornecimento elétrico que, em questão de minutos, deixou milhões de pessoas sem energia.
O incidente começou por volta do meio-dia na Espanha e teve repercussões imediatas em Portugal, que depende fortemente da eletricidade gerada no país vizinho. Partes do sul da França também sofreram oscilações e cortes pontuais.
As consequências foram severas. O transporte aéreo ficou comprometido: aeroportos em Lisboa, Madri e Barcelona registraram dezenas de voos cancelados. Trens de alta velocidade, metrôs e até os sistemas de semáforos foram afetados, provocando transtornos em larga escala.
Hospitais passaram a operar com geradores de emergência, e redes de telecomunicação ficaram instáveis ou foram totalmente interrompidas.
Até o momento, as autoridades espanholas ainda não confirmaram a origem exata do colapso. A hipótese inicial envolve uma falha na interligação da rede com a França. Portugal, por sua vez, mencionou a possibilidade de um fenômeno climático atípico.
Grupos de trabalho formados pelos ministérios da Transição Ecológica e da Transformação Digital analisam, respectivamente, a operação técnica do sistema e a chance de interferência cibernética externa.
Todas as possibilidades seguem em investigação, e não há previsão para a divulgação de um diagnóstico conclusivo.