Um estudo publicado na Nature Food avaliou 185 regiões quanto à produção de sete grupos alimentares essenciais — frutas, vegetais, carnes, laticínios, peixes, proteínas vegetais e alimentos ricos em amido. O resultado mostra que só um país no mundo é totalmente autossuficiente: a Guiana.
O pequeno país sul-americano é o único capaz de produzir, internamente, alimentos suficientes em todas as categorias para abastecer sua população. Logo atrás, China e Vietnã demonstram alto grau de autossuficiência, conseguindo atender a seis dos sete grupos analisados.
O que falta para ser autossuficiente?
Aproximadamente um em cada sete países é autossuficiente em cinco ou mais categorias, com nações da América do Sul e da Europa liderando essa lista.
- O Brasil depende de importações para vegetais e peixes, pois não os produz em quantidade suficiente.
- 65% das regiões analisadas produzem carne e laticínios em excesso.
- Há escassez global de proteínas vegetais, como feijão, lentilha, nozes e sementes.
- A baixa produção de plantas nutritivas representa uma fragilidade na segurança alimentar mundial.
- Países insulares, da Península Arábica e regiões em desenvolvimento são os mais dependentes de importações.
- Afeganistão, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Macau, Catar e Iêmen não são autossuficientes em nenhum grupo alimentar.
Produção de alimentos
O estudo revela que a autossuficiência alimentar não está necessariamente ligada à riqueza de uma nação. Fatores naturais, como pouca chuva, solos pouco férteis e clima instável, dificultam a produção agrícola em diversos países, tornando a importação uma alternativa mais viável e eficiente em muitos casos.
No entanto, os autores do levantamento alertam que depender de alimentos vindos do exterior pode ser arriscado. Choques globais, como conflitos armados, desastres naturais ou restrições comerciais, afetam diretamente o abastecimento e os preços. Exemplo disso foram a pandemia de Covid-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia, que causaram fortes impactos na cadeia alimentar mundial.
A pesquisa, conduzida por instituições da Alemanha e do Reino Unido, chama atenção para os desafios da segurança alimentar em um cenário de instabilidade climática e econômica, e reforça a importância de buscar soluções sustentáveis para garantir dietas saudáveis e acessíveis em longo prazo.