Um levantamento recente da Consultoria do Senado, intitulado ‘Urbanismo Sensível ao Gênero: como oferecer cidades seguras para as mulheres‘, apresenta propostas para tornar os municípios mais seguros e acolhedores para as mulheres.
Produzido pelas consultoras Carolina Baima e Mila Landin, o estudo evidencia a conexão entre a desigualdade de gênero e a violência urbana, mostrando como essa situação afeta a mobilidade e a percepção de segurança das mulheres nos espaços públicos.
Cidades mais seguras
A experiência das mulheres nas cidades ainda é marcada pelo medo e pela sensação de insegurança, resultado de deficiências estruturais como iluminação inadequada, calçadas em mau estado e espaços públicos negligenciados. Esses problemas aumentam a percepção de risco e restringem a liberdade de deslocamento feminino.
Para Carolina Baima, essa situação evidencia a importância de um planejamento urbano mais inclusivo, que considere as particularidades da rotina feminina e implemente medidas para tornar os espaços públicos mais seguros.
Além de aprimorar a infraestrutura, é essencial investir em políticas públicas e direcionar recursos para ações como o mapeamento social participativo, facilitando a identificação de áreas mais vulneráveis e a implementação de intervenções urbanas eficientes.
Urbanismo feminista
Nesse contexto, ganha destaque o conceito de urbanismo feminista, abordado pela arquiteta e urbanista Luciene Pessotti, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Arquitetura. A proposta visa reformular os espaços urbanos para promover um ambiente mais seguro e acolhedor para todos. Essa perspectiva desafia a estrutura tradicional das cidades, historicamente planejadas sob uma ótica masculina, e busca torná-las mais inclusivas e igualitárias.
Experiências internacionais demonstram que essa transformação é viável, como o projeto de “vigilância passiva” em Viena, que aumenta a visibilidade das ruas, e o programa Caminhos Seguros na Cidade do México, que fortalece a iluminação e a segurança nos espaços públicos.
A violência de gênero continua sendo um desafio no Brasil, ressaltando a importância da presença feminina no planejamento urbano. Para o futuro, é crucial adotar um modelo mais inclusivo e humanizado, assegurando que os municípios sejam acessíveis e acolhedores para todos.