Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) foi responsável por descobrir que o dom da mediunidade pode estar relacionado a alterações genéticas específicas.
O material, publicado no Brazilian Journal of Psychiatry, analisou variáveis genéticas que diferenciam médiuns de seus familiares que não possuem a mesma habilidade. Os resultados apontam que esses indivíduos possuem mutações em genes ligados ao sistema imune, inflamatório e à glândula pineal, região do cérebro historicamente associada à espiritualidade.
Estudo revela predisposição biológica
A pesquisa, coordenada pelo professor Wagner Farid Gattaz, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, analisou 54 médiuns com experiência comprovada, que praticavam atividades mediúnicas regularmente e sem fins lucrativos.
Para isso, o estudo comparou seus genes com os de 53 parentes de primeiro grau sem habilidades mediúnicas, além de um grupo independente de 12 médiuns.
Vale mencionar que o resultados mostraram a presença de 15.669 variantes genéticas exclusivas nos médiuns, impactando a função de 7.269 genes. Entre essas alterações, muitas foram identificadas em processos sensoriais e no sistema imune.
Percepção do mundo externo
Uma das descobertas mais intrigantes foi a associação de algumas dessas alterações genéticas com a glândula pineal. Historicamente referida por estudiosos como a “porta de entrada” entre mente e corpo, essa estrutura tem sido apontada como um possível elo entre as experiências espirituais e o funcionamento cerebral.
Além da análise genética, os pesquisadores aplicaram questionários sobre as habilidades dos médiuns. Os dados indicaram que 92,7% dos participantes afirmaram falar sob influência de espíritos, enquanto 70,9% relataram se comunicar por escrito.
Vale mencionar, ainda, que mais da metade dos médiuns estudados disseram ter visto espíritos (52,7%), sentido incorporação (50,9%) ou tido experiências fora do corpo (47,3%).
Alexander Moreira-Almeida, coautor da pesquisa e diretor do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora, destaca que a seleção de familiares como grupo de controle foi essencial para minimizar influências socioculturais.