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Esses macacos formam frases ao combinar os sons

Por Leticia Florenço
13/04/2025
Em Colunas, Mais Tendências
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Bonobos - Reprodução/Unsplash

Bonobos - Reprodução/Unsplash

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A comunicação entre seres humanos é única, não apenas por nossa capacidade de compreender e emitir sons, mas pela habilidade de combinar palavras e sons para formar frases complexas, criando um número infinito de significados.

Esse fenômeno, que é considerado uma das maiores distinções entre os seres humanos e outros animais, é chamado de composicionalidade. Este conceito descreve a habilidade de organizar unidades linguísticas independentes para criar significados novos e mais sofisticados.

Até recentemente, acreditava-se que essa capacidade era exclusiva dos seres humanos, uma característica única da nossa espécie. No entanto, um estudo recente sobre os bonobos (Pan paniscus), macacos primatas próximos aos chimpanzés, desafia essa ideia e sugere que uma forma modesta de composicionalidade também pode ser observada entre os nossos parentes evolutivos mais próximos.

Estudo inovador

O estudo publicado na revista Science por uma equipe de cientistas da Universidade de Harvard e da Universidade de Zurique oferece uma perspectiva nova sobre a comunicação animal.

A pesquisa foi realizada ao longo de vários meses, com o registro e análise de centenas de horas de gravações das vocalizações de bonobos em uma reserva natural na República Democrática do Congo.

O objetivo era identificar se os bonobos possuem a capacidade de combinar sons de forma a gerar significados mais complexos, característica que, até então, era considerada exclusiva dos humanos.

Durante a pesquisa, os cientistas não apenas gravaram os sons emitidos pelos bonobos, mas também coletaram informações detalhadas sobre o contexto em que essas vocalizações ocorreram.

Eles analisaram o comportamento dos bonobos, o ambiente em que estavam e a interação com outros indivíduos, criando uma espécie de “dicionário” de sons e seus respectivos significados.

A partir dessa análise, os pesquisadores foram capazes de identificar padrões que sugerem que os bonobos podem combinar sons específicos para gerar novos sentidos, um fenômeno que é um exemplo de composicionalidade.

Composicionalidade trivial vs. composicionalidade não-trivial

Antes de discutir a relevância dessa descoberta, é importante entender os dois tipos principais de composicionalidade. A composicionalidade trivial ocorre quando as unidades linguísticas podem ser combinadas de forma simples e independente, como no exemplo da expressão “dançarino loiro”, onde as palavras “dançarino” e “loiro” têm significados independentes.

Por outro lado, a composicionalidade não-trivial envolve a combinação de palavras ou sons cujos significados se alteram quando usados em conjunto, como na expressão “bom dançarino”, onde o adjetivo “bom” tem seu significado ajustado pela palavra “dançarino”, gerando um novo conceito.

Este último tipo de composicionalidade é o que torna a comunicação humana tão sofisticada e flexível, permitindo-nos expressar uma infinidade de ideias complexas. Até agora, a composicionalidade não-trivial era considerada um fenômeno exclusivamente humano.

No entanto, o estudo revelou que os bonobos exibem uma forma modesta dessa capacidade, desafiando nossa compreensão da evolução da linguagem.

Como os bonobos usam sons para criar significados novos

Os cientistas descobriram que os bonobos são capazes de combinar diferentes sons para criar novos significados, com um nível de complexidade semelhante à composicionalidade não-trivial.

Por exemplo, um som denominado “Peep”, que significa “Venha!”, pode ser combinado com outro som chamado “High-hoot”, que significa “Preste atenção em mim!”. Juntos, esses sons são usados pelos bonobos para coordenar o grupo antes de iniciar uma viagem, criando um novo significado que vai além do simples som de alerta ou convocação.

Essa descoberta é significativa porque demonstra que os bonobos, ao combinarem sons de maneira complexa e interdependente, estão utilizando uma forma rudimentar de linguagem que pode ser comparada, de forma simplificada, à nossa própria comunicação.

Isso representa um avanço importante no estudo da evolução linguística, sugerindo que a capacidade de combinar sons para formar significados mais elaborados pode ter surgido muito antes do que se imaginava.

Implicações evolutivas

A implicação mais profunda desse estudo é que ele levanta questões importantes sobre a evolução da linguagem e das capacidades cognitivas nos primatas. Se os bonobos, nossos parentes evolutivos mais próximos, são capazes de demonstrar um tipo de composicionalidade, isso sugere que a origem da linguagem pode ter ocorrido muito antes do que se pensava.

De acordo com os pesquisadores, como humanos e bonobos compartilham um ancestral comum que viveu há cerca de 7 a 13 milhões de anos, é possível que essa habilidade de combinar sons e criar significados mais complexos tenha se desenvolvido nesse ponto da árvore evolutiva.

A revolução no estudo da linguagem animal

Esse estudo inaugura uma nova linha de pesquisa sobre a linguagem animal, desafiando as concepções tradicionais de que a comunicação complexa é uma capacidade exclusivamente humana.

Ele também abre um novo campo de investigação para compreender como a linguagem, em suas diversas formas, se desenvolveu ao longo da evolução. Se bonobos e chimpanzés já exibem formas rudimentares de composicionalidade, isso pode indicar que características linguísticas complexas surgiram muito mais cedo do que imaginávamos.

No entanto, a ideia de que a composicionalidade é uma característica compartilhada por humanos e bonobos ainda precisa ser confirmada por mais estudos. Outros cientistas podem ser céticos quanto às conclusões da pesquisa, e novas descobertas provavelmente trarão mais informações sobre a extensão da capacidade de comunicação dos bonobos.

Mesmo assim, este estudo estabelece uma base sólida para futuras pesquisas, que poderão revelar mais detalhes sobre a origem e a evolução da linguagem em nossa linhagem evolutiva.

Leticia Florenço

Leticia Florenço

Filha da Terra da Luz, jornalista pela Universidade de Fortaleza (Unifor).

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