Entregadores de aplicativos em diversas regiões do Brasil estão se mobilizando para um novo “Breque Nacional”, previsto para os dias 31 de março e 1º de abril. O protesto busca melhorias nas condições de trabalho e pretende suspender temporariamente os serviços de plataformas como iFood, Uber Flash e 99 Entrega.
Entre as principais reivindicações da categoria estão o estabelecimento de uma taxa mínima de R$ 10 por entrega, o reajuste do valor pago por quilômetro rodado de R$ 1,50 para R$ 2,50, a restrição do raio de atuação das bicicletas a três quilômetros e a garantia de pagamento integral quando múltiplas entregas forem combinadas em uma única rota.
Greve dos entregadores
A mobilização dos entregadores tem ganhado força nas redes sociais, com grande adesão da categoria. Nicolas Souza Santos, da Aliança Nacional dos Entregadores por Aplicativos (Anea), acredita que esta pode ser a maior paralisação já realizada. A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), que representa iFood, Uber e 99, declarou apoiar o direito à manifestação e reforçou que mantém diálogo contínuo com os entregadores.
Já Ângel da Silva Rosseti, representante da categoria em Porto Alegre, destaca a possibilidade de conquistas concretas, citando que o iFood já avalia reajustes para este ano. Líder do mercado no Brasil, o iFood afirmou, em comunicado aos organizadores, que nos últimos três anos tem aumentado os valores pagos por quilômetro rodado e a taxa mínima, além de já ter reduzido o raio de entregas para bicicletas.
Regulação do trabalho por aplicativo
A greve acontece em meio ao impasse sobre a regulamentação do trabalho por aplicativos. Em 2023, o governo federal tentou estabelecer normas para a categoria por meio de uma comissão especial, mas as negociações não avançaram. A Amobitec propôs um pagamento mínimo de R$ 12 por hora efetivamente trabalhada, mas a oferta foi recusada pelos entregadores, que exigiam remuneração também pelos períodos de espera entre entregas.
Além das demandas por melhores ganhos, os trabalhadores denunciam “práticas antissindicais”, como bônus concedidos para desestimular a participação na paralisação, e prometem levar essas queixas às autoridades. O movimento também busca expor a desigualdade entre os lucros das empresas e os valores repassados aos entregadores.