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Esse remédio foi uma febre no Brasil, mas a Anvisa proibiu

Por Leticia Florenço
10/04/2025
Em Colunas, Mais Tendências
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Xarope - Reprodução/iStock

Xarope - Reprodução/iStock

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O Biotônico Fontoura é um nome que ressurge rapidamente quando falamos sobre medicamentos populares que marcaram gerações no Brasil.

Lançado em 1910 pelo farmacêutico Cândido Fontoura, o produto conquistou um lugar de destaque nas prateleiras de farmácias e nas casas de inúmeras famílias brasileiras, principalmente durante as décadas de 1990 e 2000.

A sua popularidade foi tamanha que, por muitos anos, o Biotônico Fontoura parecia um remédio milagroso, essencial para o aumento do apetite, combate à fraqueza e até problemas de crescimento, especialmente entre crianças.

No entanto, o que muitos não sabem é que, ao longo de sua trajetória, o produto passou por controvérsias, envolvendo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que culminaram em uma reformulação forçada da sua fórmula e, mais recentemente, em sua proibição em algumas situações.

Início de um fenômeno

O Biotônico Fontoura surgiu com a proposta de ser um fortificante alimentar. Sua fórmula original, à base de ferro, foi amplamente promovida para aumentar o apetite das crianças e combater sintomas de anemia, fraqueza e até retardamento do crescimento.

Desde o começo, o produto atraiu a atenção pela sua fórmula simples e eficaz, aliada a um marketing agressivo que o tornava quase impossível de ser ignorado pelas famílias brasileiras.

O nome “Biotônico Fontoura” não foi uma escolha aleatória. O renomado escritor Monteiro Lobato, na época trabalhando com Cândido Fontoura no jornal O Estado de S. Paulo, contribuiu diretamente para o nome do medicamento.

Além disso, Lobato teve papel importante nas campanhas publicitárias que ajudaram a popularizar o produto, estabelecendo o Biotônico Fontoura como uma verdadeira marca nacional. A associação com o autor de obras icônicas como Sítio do Picapau Amarelo foi uma jogada estratégica que consolidou o medicamento na memória afetiva do povo brasileiro.

Teor alcoólico

O sucesso do Biotônico Fontoura, no entanto, não veio sem controvérsias. Um dos maiores pontos de discussão sobre o produto era o seu alto teor alcoólico. A fórmula original continha 9,5% de álcool, um percentual superior ao de muitas cervejas e vinhos.

Para muitas pessoas, especialmente para as mães que administravam o medicamento para seus filhos, isso parecia ser um detalhe secundário, já que o foco principal era a eficácia do produto no aumento do apetite.

Porém, a presença de álcool na composição do Biotônico começou a levantar preocupações de saúde pública, particularmente em relação ao consumo por crianças. O alto teor alcoólico podia provocar confusão mental e, a longo prazo, até predispor os jovens a problemas relacionados ao consumo de álcool na vida adulta.

Com a crescente conscientização sobre esses riscos, a Anvisa passou a olhar com mais atenção para a fórmula do produto.

Intervenção da Anvisa

Em 2001, a Anvisa, agência responsável pela regulação e fiscalização de medicamentos no Brasil, tomou uma atitude firme e determinou a reformulação do Biotônico Fontoura.

A principal mudança exigida foi a retirada completa do álcool de sua composição. A agência alegou que o teor alcoólico do medicamento representava um risco à saúde pública, especialmente para as crianças, que eram o principal público-alvo do produto.

Com a retirada do álcool, o Biotônico Fontoura perdeu uma parte da sua característica original, e a reformulação não foi bem recebida por todos. Apesar disso, o produto continuou sendo comercializado, mas sua popularidade começou a declinar.

A nova versão sem álcool não foi capaz de manter o mesmo apelo emocional e cultural que o Biotônico Fontoura tinha antes, e a evolução da medicina e dos tratamentos tornou o remédio menos procurado.

Biotônico Fontoura fora do Brasil

Curiosamente, o Biotônico Fontoura não foi apenas um fenômeno no Brasil. Durante o período da Lei Seca nos Estados Unidos, o produto foi exportado para o país e, em um movimento um tanto ousado, passou a ser comercializado como um “medicamento”, permitindo que as pessoas consumissem álcool legalmente em um contexto onde a bebida era proibida.

Isso revela até que ponto a popularidade e o status do Biotônico Fontoura ultrapassaram as fronteiras do Brasil e se tornaram um símbolo de resistência às leis de proibição de álcool.

Apesar disso, o Biotônico Fontoura ainda permanece na memória coletiva de muitas pessoas que cresceram nas décadas de 1990 e 2000. Para essas gerações, o remédio é parte de um legado cultural, um símbolo de uma época onde as soluções simples pareciam ser as mais eficazes.

Porém, a lição deixada pela história do Biotônico Fontoura é clara: a saúde pública deve sempre ser priorizada, e a regulação dos produtos para consumo é fundamental para garantir o bem-estar da população.

Leticia Florenço

Leticia Florenço

Filha da Terra da Luz, jornalista pela Universidade de Fortaleza (Unifor).

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