Audrey Hepburn é reconhecida como uma das maiores atrizes da história do cinema, famosa por seus papéis em filmes icônicos como Bonequinha de Luxo e Charada. Contudo, antes de sua fama em Hollywood, Hepburn teve uma experiência de vida profundamente marcada pelos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, na qual se envolveu diretamente com a resistência contra os nazistas.
Nascida em 1929, em Bruxelas, Audrey Hepburn era ainda adolescente quando a Segunda Guerra Mundial eclodiu. Sua mãe, a baronesa Ella van Heemstra, havia se mudado para a cidade de Arnhem, na Holanda, com a esperança de que o país se mantivesse neutro, como na Primeira Guerra Mundial. No entanto, os planos de neutralidade foram abruptamente interrompidos quando, em 1940, Adolf Hitler invadiu os Países Baixos.
Durante a ocupação nazista, Hepburn, então com 11 anos, viveu de perto as dificuldades da guerra, inclusive a fome. Sua própria família, de classe alta, experimentou os mesmos desafios impostos à população em geral, com alimentos escassos e uma vida cheia de restrições. O pior ainda estava por vir, já que a mãe de Audrey, simpatizante das ideias fascistas, tinha defendido publicamente o regime de Hitler, uma postura que a atriz jamais perdoou.
Tragédia familiar e o envolvimento com a resistência
A situação política da família Hepburn tornou-se ainda mais complicada quando o tio da atriz, o conde Otto van Limburg Stirum, se opôs abertamente aos nazistas. Ele foi capturado e comandado por soldados alemães após uma tentativa fracassada de ataque à resistência. A morte de Otto foi um golpe devastador para Audrey e uma motivação mais para sua luta contra o regime nazista.
A jovem, com seu espírito resoluto, passou a se envolver cada vez mais com atividades clandestinas. Aos 15 anos, quando foi forçada a se juntar ao sindicato de artistas nazistas ou abandonar sua carreira artística, Audrey decidiu desistir da carreira pública de dançarina e começou a organizar recitais secretos, emoções eram destinadas à resistência.
Atividades de espionagem de Hepburn
Em 1944, Hepburn se uniu a um médico da resistência, Hendrik Visser ‘t Hooft, para ajudar na cura de pessoas que estavam fugindo da repressão nazista. Através desse contato, ela começou a desempenhar um papel crucial nas atividades de espionagem.
Como mensageira da resistência, Audrey entregou informações importantes aos combatentes da liberdade, utilizando-se de sua aparência juvenil e do desprezo que os soldados nazistas tinham pelas crianças para evitar suspeitas.
Ela ficou incumbida de entregar mensagens secretas aos aviadores aliados que tentavam escapar da ocupação nazista. Em uma dessas missões, Hepburn se encontrou com um paraquedista britânico no meio da floresta, levando uma mensagem secreta escondida em sua meia. Além disso, ela conseguiu escapar da polícia local, usando sua engenhosidade para evitar uma captura. Quando interpelada por policiais holandeses, a atriz fingiu colher flores, o que a ajudou a escapar ilesa.
Desnutrição e o fim da Guerra
Durante os últimos anos de ocupação, a vida de Audrey Hepburn e de sua família tornou-se cada vez mais difícil. A escassez de alimentos e a vida clandestina afetaram a saúde de Hepburn, que, aos 16 anos, sofreu com graves problemas de saúde, incluindo anemia e icterícia. Mesmo assim, ela aparece firme em seu apoio à resistência.
Em 1945, a guerra finalmente chegou ao fim quando os soldados canadenses libertaram a região onde Audrey estava escondida. A vitória dos Aliados marcou não apenas o fim do conflito, mas também uma nova fase na vida de Hepburn, que, posteriormente, começaria sua carreira no balé e no teatro.
Trajetória no cinema e o legado humanitário
Após o fim da guerra, Audrey Hepburn recebeu uma bolsa de estudos para seguir sua carreira de bailarina, mas as sequelas da desnutrição impediram que ela alcançasse sucesso nesse campo. Ela então voltou para o teatro e, logo em seguida, para o cinema. O resto de sua carreira se consagraria como uma das maiores estrelas de Hollywood, com periodicidade ao Oscar e uma legião de fãs.
Ao longo de sua carreira cinematográfica, Audrey Hepburn se tornou um ícone mundial. Contudo, seu legado não se limitou ao cinema. Após se aposentar das telas, ela se dedicou à filantropia, tornando-se embaixadora do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Hepburn sempre declarou que sua motivação para ajudar os outros estava profundamente ligada à sua própria experiência de ser ajudada durante a ocupação nazista, quando ela e sua família receberam ajuda humanitária.
Sua participação ativa na resistência antifascista durante a Segunda Guerra Mundial, suas atividades de espionagem e seu trabalho clandestino para ajudar os oprimidos fazem parte de sua história que muitas vezes é eclipsada pelo brilho de sua carreira cinematográfica. No entanto, é essa parte de sua vida que a torna ainda mais admirável, pois ela foi uma verdadeira heroína, que arriscou sua vida para lutar pela liberdade e pelos direitos humanos.