Espécies invasoras — organismos que se desenvolvem fora de seu ambiente de origem, como plantas, animais e microrganismos — vêm gerando prejuízos econômicos expressivos em escala global, segundo um estudo recente da revista Nature Ecology & Evolution.
A pesquisa foi liderada por Ismael Soto, cientista da Universidade da Boêmia do Sul, na República Tcheca. A equipe examinou dados relativos a 162 espécies invasoras cujos impactos financeiros foram registrados em diferentes países ao longo dos anos.
Espécies invasoras
Para territórios com pouca ou nenhuma informação disponível, como Bangladesh e Costa Rica, os pesquisadores aplicaram técnicas de modelagem para estimar as perdas econômicas associadas à presença dessas espécies.
Apesar de abranger apenas uma parte limitada do total de espécies invasoras conhecidas, o estudo ressalta que os números levantados são provavelmente conservadores, sugerindo que os danos financeiros reais podem ser ainda mais elevados.
Essas espécies afetam diretamente setores como agricultura, saúde pública e conservação ambiental.
- Javalis: destroem plantações inteiras, afetando especialmente culturas como milho e uvas.
- Mosquitos: expandem sua área de ocorrência com as mudanças climáticas, tornando-se vetores mais eficazes de doenças como dengue, malária e zika.
- Plantas invasoras (ex: erva-de-passarinho japonesa): se espalham rapidamente e demandam programas de erradicação dispendiosos e complexos.
Impactos financeiros
Nas últimas décadas, os prejuízos provocados por espécies invasoras atingiram, em média, US$ 35 bilhões por ano — o equivalente a cerca de R$ 198,5 bilhões. Desde 1960, o total acumulado ultrapassa os US$ 2,2 trilhões (aproximadamente R$ 12,48 trilhões), um montante muito superior às estimativas anteriores.
Segundo o pesquisador Ismael Soto, as plantas foram responsáveis pela maior parte dos impactos financeiros, tanto pelos estragos causados quanto pelos altos custos de controle e erradicação. As regiões mais atingidas são áreas urbanas costeiras da Europa, do leste da China e dos Estados Unidos.
A expansão dessas espécies é fortemente impulsionada por atividades humanas, como o comércio global e o turismo. Esse cenário torna ainda mais urgente o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e contenção, diante das ameaças crescentes à biodiversidade e dos custos crescentes para a economia mundial.