A mais recente pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) aponta um aumento significativo no número de crianças brasileiras com acesso a celulares. O estudo, que abrangeu o período de 2015 a 2024, mostra que tanto o acesso à internet quanto a posse de celulares próprios entre crianças, especialmente na faixa etária de 0 a 8 anos, teve um crescimento considerável.
Em 2024, o acesso à internet entre crianças de 0 a 2 anos cresceu de 9% para 44%, e a posse de celular próprio passou de 3% para 5%. Já nas faixas etárias de 3 a 5 anos e 6 a 8 anos, o aumento foi ainda mais significativo, chegando a 20% e 36%, respectivamente.
A pesquisa também examina as desigualdades socioeconômicas no acesso à internet. Observou-se que 97% das crianças de 6 a 8 anos das classes AB têm acesso à internet, enquanto esse percentual diminui para 88% na classe C e 69% nas classes DE. Além disso, a pandemia de COVID-19 impulsionou a aquisição de celulares por pequenos, resultando em um aumento expressivo de 2019 a 2021, especialmente entre as faixas etárias de 3 a 5 anos e 6 a 8 anos.
Uso de celular por crianças
Especialistas estão preocupados com os dados, destacando os possíveis efeitos negativos do uso precoce de telas no desenvolvimento infantil. A Sociedade Brasileira de Pediatria orienta que aquelas até 2 anos devem ser totalmente afastadas de dispositivos, enquanto para as de 3 a 5 anos, o uso deve ser limitado a uma hora diária. Já para crianças de 6 a 10 anos, o tempo recomendado é de no máximo duas horas por dia.
A pesquisa também indica que o acesso precoce à tecnologia pode impactar o desenvolvimento cognitivo das crianças, especialmente no que diz respeito à linguagem. Especialistas destacam a importância de os pais e educadores acompanharem o tempo de uso das telas e garantirem a presença de adultos que possam supervisionar e assegurar um uso seguro e saudável da tecnologia.
Esses dados trazem à tona a necessidade de debates sobre a implementação de políticas públicas que assegurem a proteção de crianças e adolescentes no meio digital, além de enfatizarem a importância de orientar as famílias sobre o uso responsável de dispositivos móveis e da internet.