A fabricante de produtos de limpeza Bombril, que entrou recentemente em recuperação judicial, está tentando na Justiça impedir o corte de energia elétrica em uma de suas principais fábricas, localizada em Sete Lagoas (MG).
A Cemig, distribuidora responsável pelo fornecimento na região, teria ameaçado suspender o serviço devido à inadimplência da empresa.
Empresa de energia quer cortar a luz da fábrica do Bombril
A Bombril afirma que a dívida com a Cemig é anterior ao pedido de recuperação judicial, protocolado em 10 de fevereiro deste ano, e por isso deve ser incluída no plano de pagamento que será apresentado aos credores.
A legislação garante que, após o ingresso no processo de recuperação, cobranças e execuções judiciais sejam suspensas por 180 dias. Durante esse prazo, a empresa deve propor uma reestruturação financeira para aprovação em assembleia de credores.
Segundo a fabricante, um eventual corte no fornecimento causaria impacto imediato na produção, com prejuízo estimado em R$ 1,5 milhão por dia.
A planta de Sete Lagoas emprega cerca de 400 pessoas e produz, em média, 180 toneladas de produtos diariamente.
A Justiça ainda não decidiu sobre o pedido para barrar a interrupção da energia.
Bombril está em processo de recuperação judicial
Fundada em 1948 por Roberto Sampaio Ferreira, a Bombril surgiu a partir da produção de lã de aço e cresceu rapidamente no mercado nacional, tornando-se sinônimo de utilidade doméstica com o slogan “1.001 utilidades”.
Ao longo das décadas, a empresa diversificou seu portfólio, lançou marcas como Limpol, Mon Bijou e Pinho Bril, e consolidou uma imagem forte graças à longa campanha publicitária estrelada por Carlos Moreno, o “Garoto Bombril”.
Apesar do sucesso inicial, a trajetória da companhia foi marcada por disputas societárias e instabilidade financeira.
A venda para o grupo italiano Cirio, em 1995, desencadeou uma série de conflitos e acabou resultando na primeira recuperação judicial da empresa, entre 2003 e 2006.
A atual crise está ligada a autuações fiscais envolvendo operações financeiras realizadas entre 1998 e 2001. A Receita Federal cobra tributos que somam aproximadamente R$ 2,3 bilhões.
A Bombril afirma que, embora tenha registrado resultados positivos nos últimos anos, a reavaliação dos riscos jurídicos levou à decisão de recorrer à Justiça para preservar suas atividades e renegociar as dívidas.
Hoje, a empresa mantém três fábricas no país e um portfólio de 14 marcas. O futuro, no entanto, depende da aprovação de seu plano de recuperação e da continuidade operacional — ameaçada, neste momento, até pelo risco de ficar sem energia.