Há mais de dois séculos, ainda sob o reinado de Dom João VI, nasceu no Brasil a primeira instituição financeira do país. Criada em 1808, essa empresa pública surgiu com a missão de estruturar o sistema bancário nacional e apoiar o desenvolvimento econômico de uma nação em formação.
Com o passar dos anos, no entanto, aquela que já foi a principal força do setor bancário brasileiro começou a perder terreno.
Hoje, embora continue ativa, sua posição de liderança foi superada por concorrentes privados, e o peso da burocracia estatal é apontado como um dos principais motivos para sua perda de protagonismo.
Empresa brasileira caiu após 200 anos por causa de burocracia
A empresa em questão é o Banco do Brasil.
Com uma trajetória que atravessa o Império, a República Velha, o Estado Novo e os regimes democráticos e militares do século XX, o banco teve papel central no financiamento do agronegócio, na estruturação das finanças públicas e na expansão do crédito em áreas pouco exploradas pelo capital privado.
Sua história, no entanto, não foi linear. Após um início promissor, o banco chegou a ser extinto em 1829, apenas para ser recriado em 1851, já como uma peça-chave da máquina estatal.
Durante décadas, o Banco do Brasil operou como o braço financeiro do governo federal. Cresceu, modernizou-se e expandiu suas operações, mas seu vínculo com o Estado sempre impôs limites.
Diferente dos bancos privados, o BB foi chamado com frequência para executar políticas públicas, muitas vezes em detrimento da rentabilidade.
Essa função social, embora essencial, impediu que o banco acompanhasse com agilidade as mudanças de um mercado cada vez mais digital e competitivo.
Banco do Brasil é hoje empresa menor do que concorrentes
Enquanto instituições privadas como Itaú, Bradesco e Santander apostaram em inovação, eficiência operacional e estratégias agressivas de mercado, o Banco do Brasil enfrentou entraves típicos da administração pública: processos lentos, interferências políticas e dificuldades para reagir com rapidez às transformações do setor.
Embora continue entre os maiores bancos do país, sua fatia de mercado diminuiu nos últimos anos, e o prestígio de outrora cedeu espaço a um esforço constante de adaptação.
Ainda relevante, o Banco do Brasil permanece como uma engrenagem importante na economia nacional.
Mas sua história recente é também um alerta sobre os desafios que empresas públicas enfrentam para manter a competitividade em um ambiente dominado pela agilidade privada.