Um achado recente feito pelo biólogo e ambientalista Mario Moscatelli, durante um sobrevoo de rotina pela Lagoa do Camorim, em Jacarepaguá (Zona Oeste do Rio), reacendeu o debate sobre o impacto da poluição plástica nos ecossistemas brasileiros.
Vale mencionar que a descoberta de uma embalagem de salgadinho datada de 1994, ou seja, com mais de 30 anos, evidencia a durabilidade dos resíduos no meio ambiente e a urgente necessidade de ações efetivas para conter a degradação.
A Lagoa do Camorim integra o sistema lagunar de Jacarepaguá e está inserida em uma Área de Proteção Ambiental (APA), composta por vegetação nativa de Mata Atlântica e rica biodiversidade.
Entretanto, a região vem sendo gravemente impactada pelo descarte irregular de lixo, esgoto in natura e crescimento urbano desordenado. A imagem do plástico intacto após três décadas virou símbolo da negligência crônica e do desafio de recuperar áreas naturais degradadas.
Plástico persiste por séculos
Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o mundo produz anualmente mais de 460 milhões de toneladas de plástico, dos quais cerca de 22 milhões acabam na natureza. No Brasil, cada habitante gera em média 64 quilos de resíduos plásticos por ano, dos quais uma parcela significativa vai parar em rios, lagos e oceanos.
Vale mencionar que microplásticos, como o polietileno (PE), são os mais encontrados nos ambientes naturais e resultam da fragmentação de plásticos maiores. Esses resíduos não apenas contaminam o solo e os cursos d’água, mas já foram detectados em sítios arqueológicos e até no sangue humano. Com isso, os impactos atingem toda a cadeia ecológica — e, inevitavelmente, os seres humanos.
Como a embalagem evoluiu ao longo dos séculos
É importante mencionar que o conceito de embalagem acompanha a humanidade desde os tempos mais remotos. Nas primeiras civilizações, folhas, conchas e crânios de animais eram utilizados para armazenar e transportar alimentos.
Com o tempo, surgiram materiais mais duráveis como argila, vidro e metais. Entretanto, foi na era contemporânea que o plástico se consolidou como principal matéria-prima para embalagens por sua leveza e resistência.
Entretanto, essa durabilidade tornou-se também o maior desafio ambiental. Exemplo disso é a embalagem plástica da década de 1990 ainda preservada em ambiente natural. Outro detalhe importante é que, segundo estudos, resíduos dessa natureza podem levar mais de 400 anos para se decompor.