A evolução da inteligência artificial (IA) está trazendo profundas transformações no mercado de trabalho. Muitos profissionais se perguntam se seus empregos estão ameaçados pela crescente automação.
A ideia de que, no longo prazo, todas as atividades profissionais que conhecemos podem ser executadas por IA é uma preocupação legítima, mas é importante entender que estamos falando de um futuro muito distante, talvez até o século 22. Isso não significa, no entanto, que a jornada até lá será tranquila.
O medo da substituição por máquinas
Segundo uma pesquisa da Page Interim, uma subdivisão da PageGroup, 75% dos trabalhadores brasileiros acreditam que perderão seus empregos para IA no futuro. Essa preocupação é válida, mas será que ela é realmente fundamentada? A resposta depende de várias variáveis, como o setor de atuação e o tipo de tarefa desempenhada.
A inteligência artificial tem avançado rapidamente em tarefas repetitivas e de baixo nível cognitivo, mas as profissões que exigem pensamento crítico, criatividade e inteligência emocional ainda estão fora do alcance da automação total.
Substituição
Embora a IA tenha o potencial de substituir muitas funções, isso não significa que a substituição ocorrerá de imediato. A ideia de que a IA pode ou não substituir um emprego envolve diversos fatores além da capacidade tecnológica.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta que, enquanto a IA pode ser tecnicamente capaz de realizar muitas tarefas, há um caminho a percorrer antes de sua implementação total.
Isso inclui desafios técnicos, como o consumo de energia necessário para rodar essas máquinas, e obstáculos legais e éticos, que envolvem regulamentações de diferentes países e a resistência de grupos de trabalhadores que tentam proteger suas funções.
Além disso, a aceitação social da IA também é um fator importante. Muitas vezes, mesmo quando a tecnologia está disponível, as barreiras culturais e éticas podem impedir sua total implementação. Portanto, o medo de ser substituído é legítimo, mas não necessariamente será realizado em curto prazo.
Profissões em risco
Pesquisas do FMI indicam que até 40% dos empregos atuais estão ameaçados pela automação. No entanto, isso não significa que todos os setores serão igualmente afetados. O MIT, em estudo recente, ressalta que a automação ainda não é economicamente viável em muitos casos.
As profissões mais ameaçadas tendem a ser aquelas que envolvem tarefas repetitivas e de baixo nível cognitivo, como a redação de textos e a tradução automática. Essas tarefas são facilmente substituíveis por algoritmos de IA. Por outro lado, atividades mais complexas, como dobrar roupas ou outras tarefas manuais com alto envolvimento humano, continuam fora do alcance da IA.
Futuro do trabalho
É importante destacar que o avanço da IA não levará necessariamente ao fim de todas as profissões. O Fórum Econômico Mundial, em seu relatório “Futuro dos Empregos”, previu que até 2027, 69 milhões de novas vagas de trabalho serão criadas, embora 89 milhões desapareçam.
No entanto, o equilíbrio entre o desaparecimento e a criação de empregos será desafiador. Profissionais que não conseguirem se adaptar ao novo cenário podem encontrar dificuldades para se manter no mercado. A adaptação às novas tecnologias será fundamental para se manter relevante.
O caminho para a relevância profissional
A chave para o profissional que deseja garantir sua relevância no mercado de trabalho está em dois caminhos principais. O primeiro é integrar as ferramentas de IA à sua rotina de trabalho. O conceito de “literacia generativa” se refere à capacidade de usar a IA como um diferencial competitivo.
Profissionais que dominam essas ferramentas terão uma vantagem, já que a perspectiva é que será mais fácil ser superado não por uma máquina, mas por um ser humano que utiliza a IA de forma mais eficaz.
O segundo caminho é a constante reinvenção profissional. Mesmo que a IA possa executar muitas tarefas, ela ainda não possui a capacidade de realizar atividades que envolvem inteligência emocional, pensamento crítico e criatividade.
Portanto, os profissionais que se especializarem em áreas que requerem essas competências terão um papel importante no futuro do trabalho. A reinvenção constante será um fator crucial para se manter competitivo no mercado.
Assim, a pergunta não é se a IA vai substituir os empregos, mas como os profissionais podem evoluir e integrar a IA em seu trabalho para garantir que se mantenham indispensáveis no futuro.