O anúncio recente do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio tem gerado apreensão no setor industrial brasileiro.
A decisão inclui o cancelamento de isenções e cotas isentas de impostos para os principais países exportadores desses materiais, entre eles o Brasil.
Essa medida pode impactar significativamente as empresas nacionais que dependem do mercado norte-americano para escoar sua produção.
No entanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já sinalizou que o Brasil não aceitará tais barreiras sem resposta e adotará o princípio da reciprocidade caso as novas taxas sejam efetivadas.
Donald Trump pode ser afetado por Lula se confirmar taxações
Na última sexta-feira, 14 de fevereiro, em entrevista à Rádio Clube do Pará, Lula afirmou que, se os produtos brasileiros forem alvo de novas tarifas de Donald Trump, seu governo reagirá à altura, seja por meio de medidas comerciais diretas, seja por ações diplomáticas em instâncias internacionais.
Ele destacou que o Brasil pode buscar soluções na Organização Mundial do Comércio (OMC) ou até mesmo adotar sanções semelhantes sobre produtos importados dos Estados Unidos.
O presidente reforçou que não deseja iniciar disputas comerciais desnecessárias, mas que não hesitará em defender os interesses da indústria nacional caso o governo norte-americano siga adiante com as restrições.
A proposta de Trump faz parte de uma estratégia mais ampla de proteção da economia dos Estados Unidos, afetando países com os quais há déficits comerciais.
Além do Brasil, outras nações, como China, México e Canadá, também estão na mira do ex-presidente.
Contudo, Lula ressaltou que a relação comercial entre Brasil e EUA é equilibrada, lembrando que os norte-americanos vendem mais ao Brasil do que compram.
Ele destacou que, anualmente, o Brasil exporta cerca de US$ 40 bilhões para os EUA, enquanto importa aproximadamente US$ 45 bilhões em bens e serviços.
Na visão do governo, isso significa que qualquer prejuízo com taxações de Donald Trump aos produtos brasileiros pode ser retaliado com semelhante taxação aos produtos norte-americanos comprados pelo Brasil, forçando o governo dos EUA a uma negociação.
Haddad e Alckmin também demonstram cautela com taxação de Donald Trump
Além de Lula, membros do governo brasileiro têm demonstrado cautela diante do possível embate comercial provocado por Donald Trump.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), minimizou os efeitos das tarifas, afirmando que ainda não há nada concreto e que o Brasil deve aguardar para avaliar a real extensão das medidas.
Já o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), enfatizou que os produtos brasileiros já enfrentam tarifas nos EUA, enquanto a maioria dos produtos importados dos Estados Unidos pelo Brasil entram sem tributação.
Lula também mencionou que Brasil e Estados Unidos completam 200 anos de relações diplomáticas em 2025 e reforçou a importância de um diálogo equilibrado entre os dois países.
No entanto, ele admitiu que ainda não manteve conversas diretas com Trump desde que ele assumiu o cargo, ressaltando que as relações entre as duas nações devem ser baseadas no respeito e no reconhecimento mútuo de sua importância no cenário global.