O medo é uma etapa natural do crescimento infantil e pode se manifestar de diferentes formas, desde apreensões fantasiosas, como monstros e fantasmas, até preocupações mais realistas, como assaltos ou desastres naturais.
Em geral, essas inquietações tendem a diminuir com o tempo, mas em algumas crianças podem se prolongar e se transformar em fobias ou transtornos de ansiedade, interferindo no dia a dia. Especialistas explicam que o medo funciona como um mecanismo de proteção, auxiliando na prevenção de perigos, porém, quando se torna excessivo e incapacitante, pode demandar acompanhamento profissional.
Do medo para a ansiedade
O desenvolvimento de fobias e transtornos de ansiedade pode ser influenciado por diversos fatores, como herança genética, vivências negativas, aprendizado por observação do medo em terceiros ou contato com informações que provoquem temor.
Estudos mostram que aproximadamente um terço das crianças e adolescentes pode apresentar transtornos de ansiedade, número que cresceu consideravelmente após a pandemia de Covid-19. Os medos também se modificam com a idade:
- Bebês e crianças pequenas: medo de ruídos intensos e da separação dos pais.
- Crianças em fase pré-escolar: temor de seres imaginários, como monstros e fantasmas.
- Adolescentes: ansiedade social, especialmente em situações de avaliação ou julgamento por terceiros.
Como combater?
Para distinguir um medo típico de um transtorno de ansiedade, é essencial observar sua regularidade, intensidade e tempo de duração. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), um medo que perdura por mais de seis meses pode ser considerado uma fobia.
Caso a criança passe a evitar constantemente certas situações ou sofra impactos na vida escolar e familiar, pode ser um indicativo de que é hora de procurar orientação profissional. A maneira como os pais lidam com os medos dos filhos tem grande influência na forma como eles os enfrentam.
Evitar situações que causam temor pode fortalecer a ansiedade, enquanto encorajar uma exposição gradual contribui para a superação. A terapia cognitivo-comportamental, especialmente a terapia de exposição, tem demonstrado bons resultados ao introduzir a criança, de forma progressiva, ao objeto ou situação temida, auxiliando no desenvolvimento da confiança e na redução da resposta ansiosa.