Embora a alimentação saudável e a prática regular de exercícios físicos sejam amplamente reconhecidas como pilares de uma vida equilibrada — e a saúde mental tenha conquistado mais atenção nos últimos anos —, um componente igualmente importante ainda recebe pouca visibilidade: a saúde social.
Mesmo pouco debatida, a forma como nos relacionamos com os outros exerce influência direta sobre nossa saúde e longevidade. Estudos indicam que manter vínculos sociais fortes pode diminuir consideravelmente o risco de desenvolver doenças crônicas e contribuir para uma vida mais longa e com mais qualidade.
Saúde social
Na década de 1970, uma pesquisa marcante com aproximadamente 7 mil adultos revelou uma relação preocupante entre isolamento social e mortalidade: homens com poucos vínculos sociais apresentavam o dobro de risco de morte ao longo de nove anos. No caso das mulheres que viviam socialmente isoladas, o risco era ainda mais elevado — quase três vezes maior.
O conceito de saúde social envolve a habilidade de cultivar relacionamentos significativos e manter interações frequentes com diferentes pessoas. Essa é a definição proposta por Kasley Killam, cientista social formada em Harvard e autora do livro The Art and Science of Connection. Para ela, sentir-se parte de uma rede de apoio e manter uma vida social ativa é tão importante quanto cuidar do corpo ou da mente.
Importância de começar
A conexão com outras pessoas é parte essencial da natureza humana. Laços de amizade fortalecem o sentimento de segurança e contribuem para uma vida com mais propósito. No entanto, em um cotidiano marcado pela correria, manter relações próximas requer esforço consciente. Ainda que nem sempre seja possível estar presente com frequência, demonstrar abertura e disponibilidade continua sendo um passo importante para preservar esses vínculos.
Para ajudar a cultivar conexões de forma prática, a cientista social Kasley Killam sugere a estratégia “5-3-1”: interagir com cinco pessoas diferentes ao longo da semana, fortalecer ativamente três relações significativas e dedicar pelo menos uma hora por dia a interações com profundidade emocional.
A perspectiva de especialistas é que a saúde social ganhe cada vez mais relevância nos próximos anos, atingindo o mesmo patamar de atenção que a saúde mental alcançou nas últimas décadas. A tendência é que o tema inspire novas abordagens em políticas públicas, planejamento urbano e até nos conteúdos trabalhados nas escolas, promovendo ambientes que estimulem o convívio e a empatia.