Pesquisadores da Nature Astronomy anunciaram uma descoberta inédita que muda a compreensão sobre a história do aglomerado de galáxias de Perseus, uma das maiores estruturas do Universo observável.
Por meio de técnicas avançadas de lente gravitacional, uma equipe internacional identificou uma “ponte de matéria escura” conectando a galáxia central NGC 1275 a um subaglomerado distante cerca de 1,4 milhão de anos-luz.
Essa estrutura, invisível a qualquer tipo de radiação eletromagnética, representa uma evidência direta de uma antiga colisão galáctica, ocorrida há aproximadamente 5,5 bilhões de anos. A ponte de matéria escura foi detectada utilizando o Telescópio Subaru, no Havaí, equipado com uma câmera de alta sensibilidade.
Vale mencionar que a técnica empregada, conhecida como lente gravitacional, prevista por Albert Einstein e detalhada pelo Observatório Europeu do Sul, permite mapear massas invisíveis com base na distorção da luz de objetos ao fundo.
Descoberta revela história invisível
Por décadas, o aglomerado de Perseus foi considerado um sistema estável. Observações anteriores indicavam simetria, equilíbrio térmico e poucos sinais de fusões violentas. No entanto, certas anomalias — como frentes frias, deslocamentos de gás e distribuição incomum de galáxias, sempre levantaram dúvidas entre astrônomos.
A nova análise revelou uma massa escura associada à galáxia espiral NGC 1264, localizada a 430 quiloparsecs do núcleo principal. Com cerca de 170 trilhões de vezes a massa do Sol, esse subaglomerado representa a peça que faltava para explicar os padrões observados na região.
Sua interação com o núcleo de Perseus formou uma ponte gravitacional rica em matéria escura, elemento que responde por 25% da massa total do Universo, segundo a NASA.
É importante mencionar que a matéria escura, apesar de invisível, influencia fortemente a dinâmica cósmica por meio da gravidade. Sua detecção indireta ocorre apenas quando afeta a luz de objetos mais distantes, como no caso da lente gravitacional aplicada a Perseus.
Além disso, simulações numéricas reforçaram a teoria da colisão em ângulo entre os dois núcleos, explicando as estruturas preservadas, como as frentes frias e o fluxo de gás. Vale mencionar que os campos magnéticos do aglomerado parecem ser cruciais para manter essas formações intactas por bilhões de anos.