Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revelaram uma descoberta surpreendente no Atlântico Sul: uma antiga ilha de proporções gigantescas, comparáveis às da Islândia, submersa a cerca de 1.200 quilômetros da costa do Rio Grande do Sul.
A estrutura geológica, conhecida como Elevação do Rio Grande (ERG), hoje repousa sob o mar, mas estudos indicam que ela já foi uma ilha tropical acima do nível do oceano, com vegetação e clima similares aos do interior do Brasil.
Descoberta de ilha do tamanho da Islândia fica perto do Brasil
A investigação teve início com expedições científicas financiadas pela Fapesp, que usaram navios de pesquisa para explorar o fundo do mar.
A bordo do Alpha Crucis e, posteriormente, do britânico RRS Discovery, cientistas encontraram amostras de argila avermelhada em meio a camadas de basalto vulcânico.
Essa argila revelou características de solo que só se forma em ambientes terrestres tropicais, fornecendo as primeiras pistas de que parte da ERG esteve emersa no passado.
Imagens captadas por veículos submersíveis de controle remoto mostraram formações rochosas dispostas em camadas, como se fossem sedimentos de um antigo litoral.
Além da comprovação de que essa formação foi uma ilha há dezenas de milhões de anos, os estudos identificaram fósseis de algas vermelhas e corais, típicos de águas rasas, além de sinais de interação com antigas correntes oceânicas.
Esses achados sustentam a hipótese de que a ERG abrigou uma plataforma costeira ativa entre 30 e 5 milhões de anos atrás.
Descoberta da ilha é importante pelo potencial econômico
A relevância da descoberta vai muito além da ciência. O Brasil busca junto à ONU o reconhecimento da ERG como extensão de sua plataforma continental.
Se aprovado, o pedido ampliaria a soberania brasileira sobre uma área rica em minerais estratégicos como cobalto, níquel e nióbio — essenciais para a produção de tecnologias como baterias e painéis solares.
O potencial econômico e geopolítico é imenso, com implicações para a indústria, o comércio exterior e a segurança energética do país.
Mais do que uma curiosidade geológica, a Elevação do Rio Grande emerge como uma peça-chave no futuro da economia azul brasileira e no entendimento da evolução geológica do Atlântico Sul.