A convivência direta com turbinas eólicas tem despertado preocupações crescentes sobre seus efeitos na saúde humana. Estudos realizados pela Universidade de Pernambuco (UPE), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontam que mais de 70% dos moradores que vivem nas proximidades desses equipamentos relatam sintomas como ansiedade, estresse, depressão e alterações na visão.
Outro dado alarmante é que cerca de 77% desses residentes apresentam algum tipo de comprometimento auditivo. Essa condição tem sido relacionada à exposição prolongada ao ruído emitido pelas turbinas, que opera em níveis superiores aos recomendados para a saúde. Os especialistas alertam que a perda auditiva causada por esse tipo de exposição tende a ser lenta, cumulativa e irreversível, tornando-se mais grave com o passar do tempo.
Impactos da turbina eólica
Semestralmente, equipes de pesquisa promovem ações de saúde na zona rural de Caetés, no Agreste pernambucano. Durante essas visitas, foram registrados níveis de ruído elevados a apenas 300 metros das turbinas eólicas — patamares muito acima do limite considerado seguro para a saúde humana.
Esse barulho constante, somado aos infrassons gerados pelas turbinas eólicas, tem sido relacionado a complicações cardiovasculares e a distúrbios do sono. Como consequência, mais de 60% dos moradores relataram o uso frequente de medicamentos para conseguir dormir.
Além dos impactos sobre a saúde humana, os efeitos também se estendem aos animais criados na região. Diante dessas condições, muitas famílias vêm repensando sua permanência nas propriedades rurais, diante das dificuldades impostas pela proximidade com os parques eólicos.
Pronunciamentos
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) conduz investigações sobre os efeitos provocados pelos parques eólicos nas comunidades próximas, após a realização de perícias que constataram níveis de ruído superiores aos permitidos por lei. Como parte das medidas de responsabilização, estão sendo discutidos termos de ajustamento de conduta com as empresas operadoras dos empreendimentos.
Por sua vez, as empresas responsáveis pelos aerogeradores alegam estar em conformidade com a legislação ambiental e afirmam possuir todas as licenças exigidas. Algumas delas relatam ter investido em ações sociais, como reformas de moradias, regularização de propriedades e construção de cisternas para garantir acesso à água.