A criação de uma nova modalidade de crédito consignado, voltada especificamente para trabalhadores da iniciativa privada com carteira assinada, trouxe algumas oportunidades interessantes, mas também exige um cuidado redobrado por parte dos consumidores.
Embora o empréstimo consignado possa parecer uma solução rápida para quem precisa de dinheiro com urgência, ele vem com regras importantes e cuidados a serem seguidos para evitar problemas futuros.
Compreenda a garantia do crédito
A principal diferença dessa nova modalidade de crédito consignado é que ela utiliza o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) como garantia do empréstimo.
Isso significa que, se o trabalhador for demitido sem justa causa, o crédito pode ser garantido por até 10% do seu saldo do FGTS ou até 100% da multa rescisória, o que pode representar uma significativa parte da reserva financeira do trabalhador.
- Importância do planejamento: O FGTS é uma reserva estratégica, pensada para ser usada em momentos de necessidade extrema, como no caso de aposentadoria ou compra de casa própria. Retirar esse dinheiro de forma antecipada para um empréstimo pode prejudicar a segurança financeira no futuro.
- Risco de comprometimento do saldo: É preciso analisar se você realmente precisa do dinheiro e se o comprometimento de uma parte do FGTS como garantia é viável a longo prazo. Essa decisão exige bastante cautela.
Comprometimento de até 35% do seu salário
Um dos aspectos que deve ser observado com muita atenção é que as parcelas do empréstimo consignado podem comprometer até 35% do seu salário mensal. Esse valor, se mal planejado, pode ser uma armadilha para o orçamento do trabalhador, especialmente em um cenário de despesas imprevistas ou alterações no salário.
- Avaliação do orçamento: Antes de contratar o empréstimo, faça uma análise detalhada do seu orçamento para garantir que o pagamento das parcelas não prejudique outras obrigações financeiras essenciais.
- Planejamento de longo prazo: Avalie se as parcelas cabem no seu orçamento a longo prazo e se você estará capaz de pagá-las sem comprometer a sua qualidade de vida ou outros compromissos financeiros.
Taxa de juros e custos totais
É essencial entender como as taxas de juros funcionam no crédito consignado. A taxa máxima de juros, conforme as regras estabelecidas, deve incluir todos os custos da operação, sem taxas ou tarifas adicionais.
- Não aceite custos ocultos: Fique atento a cobranças extras que possam ser feitas sem transparência, como tarifas e seguros obrigatórios. Verifique todos os custos envolvidos, incluindo a taxa de juros mensal e anual, o valor total do empréstimo (com e sem juros) e o Custo Efetivo Total (CET), que considera todos os encargos do financiamento.
- Evite surpresas: Antes de assinar o contrato, certifique-se de que todas as informações sobre as taxas e o valor total da dívida estão claras e devidamente explicadas.
Cuidado com o início do pagamento das parcelas
Uma das regras mais importantes a ser observada é que não pode haver um prazo de carência para o início do pagamento das parcelas. Ao receber o empréstimo, o trabalhador não pode começar a pagar meses depois.
As parcelas começam a ser descontadas diretamente da sua folha de pagamento logo após a contratação. Portanto, você precisa ter certeza de que o salário será suficiente para arcar com o pagamento das parcelas desde o início.
Atenção ao processo de contratação
De acordo com as novas regras, a contratação do empréstimo consignado para CLT não pode ser feita por telefone. O processo deve ser realizado apenas por meio dos canais oficiais das instituições financeiras, após a proposta ser recebida no aplicativo da Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital).
Evite contratar o empréstimo de forma impulsiva ou por meios não oficiais. Isso ajuda a proteger seus dados e a evitar fraudes. Leia atentamente todas as cláusulas do contrato antes de assinar. Não assine nada sem entender completamente as condições e os compromissos assumidos.
Caso ainda tenha dúvidas sobre a viabilidade de contratar o crédito consignado, busque orientação de especialistas ou consulte órgãos de defesa do consumidor, como o Procon. Eles podem ajudá-lo a compreender melhor as regras e a avaliar se a contratação é realmente a melhor opção.