James Harrison, conhecido como o “Homem do Braço de Ouro”, faleceu aos 88 anos, sendo lembrado por sua significativa contribuição no combate à doença hemolítica do feto e do recém-nascido (HDFN). A morte foi anunciada pelas autoridades sanitárias australianas, que destacaram sua importância para a medicina.
Harrison começou a doar sangue aos 18 anos, após uma experiência marcante. Aos 14 anos, ele passou por uma cirurgia delicada e precisou de transfusões de sangue para sobreviver, o que o motivou a começar a doar quando atingiu a maioridade.
Anos depois, foi descoberto que seu sangue continha um anticorpo raro, o que levou o australiano a se tornar um doador regular de plasma, oferecendo-o a cada duas semanas até os 81 anos, quando se aposentou das doações. Ao longo de 64 anos, ele fez 1.173 doações de sangue, contribuindo para salvar 2,4 milhões de bebês.
Sangue raro do australiano
O sangue raro de James Harrison, que continha um anticorpo único conhecido como Anti-D, teve um papel crucial no tratamento de mulheres grávidas cujos corpos podiam rejeitar seus bebês não nascidos devido à incompatibilidade sanguínea.
O australiano foi o principal doador que possibilitou o desenvolvimento de uma solução para a doença de Rhesus, ou eritroblastose fetal, que ocorre quando uma mãe com sangue Rh negativo engravida de um bebê com sangue Rh positivo.
Essa incompatibilidade pode resultar em complicações graves, como a morte do feto ou danos cerebrais no recém-nascido. O anticorpo Anti-D, extraído do plasma de doadores como Harrison, foi utilizado para evitar que o sistema imunológico da mãe atacasse o feto.
A descoberta do tipo sanguíneo raro de Harrison, o Rh nulo ou “sangue dourado”, levou cientistas a buscar uma forma de reproduzir o Anti-D em laboratório. Esse projeto, apelidado de “James in a Jar” (“James em Jarro”), visa criar uma versão sintética do anticorpo, que poderia beneficiar gestantes em todo o mundo.