Com aroma marcante e sabor único, a fruta marolo é símbolo de identidade em Paraguaçu (MG), onde ressurge como patrimônio cultural após ter sido quase extinta com o avanço das lavouras de café.
Também chamada de araticum ou pinha-do-cerrado, a fruta é de origem guarani e o nome “marolo” significa “fruta mole”. A planta, nativa do Cerrado, foi revalorizada a partir da década de 1980 com a criação da Festa do Marolo, marcando um novo olhar sobre a fruta que, por anos, foi deixada de lado.
Aroma forte, sabor doce e identidade regional
Com polpa amarelada e textura macia, o marolo lembra doce de fruta tropical com notas terrosas. Seu cheiro intenso pode causar estranhamento a quem não conhece, mas é justamente essa característica que conquista paladares e memórias.
Rico em vitaminas A, C, E, do complexo B, além de minerais e fibras, o marolo é usado em licores, doces, tortas, sucos, sorvetes e até iogurtes. Em Paraguaçu, receitas passam de geração em geração, mantendo viva a tradição culinária.
Encontrado em estados como Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Tocantins, o marolo cresce bem em solos ácidos e climas tropicais. Apesar de seu uso na medicina popular, especialistas alertam: partes da planta podem ser tóxicas e seu uso terapêutico deve ser feito com precaução.
Ameaças e esperança de valorização
Sem cultivo em larga escala, a fruta ainda depende de colheita extrativista e está vulnerável à destruição do cerrado e ao avanço do agronegócio. Mesmo sem estar na lista oficial de espécies ameaçadas, o marolo corre risco de desaparecer.
Pesquisadores defendem políticas públicas, incentivo ao plantio sustentável e envolvimento das comunidades como caminho para garantir um futuro à fruta e à cultura que ela representa.
O marolo é resistência, história e biodiversidade em forma de fruta. Mais do que um alimento, ele carrega memórias, tradição e o potencial de impulsionar a economia local.