Um caso raro e alarmante envolvendo fertilização assistida veio à tona na Austrália, onde uma mulher deu à luz uma criança que, biologicamente, pertence a outro casal.
O episódio, que ocorreu em uma das unidades da rede Monash IVF, localizada em Brisbane, levanta preocupações sobre a segurança e o controle de qualidade em clínicas de reprodução humana assistida.
A falha foi confirmada pela própria instituição em fevereiro deste ano e teve origem em um erro no manuseio de embriões. Entenda o caso abaixo.
Confusão em fertilização resulta em mulher dando à luz filho de outra
A fertilização in vitro (FIV) é um dos métodos mais utilizados para ajudar casais com dificuldades para engravidar. O processo envolve a coleta de óvulos da mulher e sua fecundação com espermatozoides em laboratório.
Após a formação dos embriões, um ou mais são transferidos para o útero da paciente. Os embriões excedentes podem ser congelados para tentativas futuras.
Apesar dos avanços tecnológicos e do alto custo envolvido – cada ciclo pode ultrapassar R$ 70 mil –, a técnica requer extrema precisão em cada etapa.
No caso em questão, a falha foi descoberta apenas quando os pais biológicos solicitaram a transferência de seus embriões congelados para outra clínica. Ao revisar os registros, notou-se a ausência de um dos embriões, o que desencadeou uma investigação interna.
O resultado da apuração mostrou que esse embrião havia sido transferido, por engano, para outra mulher, que acabou engravidando e dando à luz uma criança saudável. O incidente foi atribuído a uma falha humana.
A Monash IVF lamentou publicamente o ocorrido e afirmou estar revisando seus procedimentos internos, além de ter contratado uma auditoria independente para apurar os detalhes e reforçar os controles.
Confusão em fertilização não foi único erro da clínica envolvida
Embora tenha classificado o caso do erro na fertilização como um episódio isolado, a clínica já esteve no centro de outras controvérsias.
Meses antes, a empresa fechou um acordo milionário com cerca de 700 ex-pacientes, após testes genéticos incorretos levarem ao descarte equivocado de centenas de embriões considerados inviáveis.
Estimativas indicam que 35% dos embriões eliminados tinham potencial para resultar em gravidez. Apesar disso, a clínica não assumiu responsabilidade legal pelos danos.
O caso reacende o debate sobre a necessidade de fiscalização rigorosa e padrões éticos mais firmes nas práticas de fertilização, especialmente em países como a Austrália, onde uma em cada 18 crianças nasce por meio dessas técnicas.