Um novo capítulo na astrofísica foi escrito com a descoberta de Eos, uma enorme nuvem molecular invisível localizada surpreendentemente próxima da Terra. O achado, publicado no dia 28 de abril na renomada revista científica Nature Astronomy, representa um marco para a ciência e pode fornecer pistas valiosas sobre a formação de estrelas e planetas.
Segundo dados do estudo conduzido por cientistas da Queen Mary University of London e da Rutgers School of Arts and Sciences, Eos está a cerca de 300 anos-luz de distância — mais perto do que qualquer outra nuvem molecular conhecida até agora.
O nome faz referência à deusa grega do amanhecer e, se pudesse ser vista a olho nu, teria o tamanho aparente de 40 luas cheias no céu. Isso porque a nuvem possui cerca de 3.400 vezes a massa do Sol e um comprimento estimado de mais de 100 anos-luz.
A descoberta surpreendeu a comunidade científica, já que, até então, acreditava-se que todas as nuvens moleculares em um raio de 1.600 anos-luz do Sol já haviam sido identificadas. A detecção de Eos revela o quanto ainda há por explorar, mesmo em regiões consideradas bem mapeadas do universo.
Novo método de observação pode explicar formação de planeta
O diferencial dessa descoberta está no método utilizado. Tradicionalmente, nuvens moleculares são detectadas por meio da emissão de monóxido de carbono, que brilha em comprimentos de onda de rádio e infravermelho. Eos, no entanto, praticamente não contém esse composto, o que a tornou “invisível” aos instrumentos convencionais.
Foi graças ao espectrógrafo FIMS-SPEAR, instalado no satélite sul-coreano STSAT-1, que os pesquisadores conseguiram identificar a presença da nuvem ao observar a fluorescência do hidrogênio molecular no ultravioleta extremo.
Vale mencionar que os dados do instrumento foram disponibilizados ao público apenas em 2023, o que permitiu essa descoberta tardia, mas significativa.
É importante mencionar que essa foi a primeira vez que uma nuvem molecular foi descoberta com base na emissão direta de hidrogênio no ultravioleta. Com isso, os cientistas agora têm a oportunidade de observar com maior precisão os processos que levam à formação de estrelas e sistemas planetários, como o nosso.
Outro detalhe importante é que Eos oferece um “laboratório natural” a curta distância para a ciência investigar, em tempo real, os primeiros estágios da criação de novos mundos. Dessa forma, a astronomia ganha uma nova janela para compreender como o gás e a poeira interestelar se transformam em corpos celestes complexos.