O déjà vu, expressão francesa que significa “já visto”, é a sensação comum de reviver uma experiência inédita. Descrito pela primeira vez no final do século XIX pelo pesquisador Émile Boirac, esse fenômeno continua a intrigar a neurociência, evidenciando a complexidade e as imperfeições da memória humana, que se baseia em reconstruções cognitivas sujeitas a confundir realidade e ilusão.
Estima-se que entre 60% e 80% das pessoas já tenham experimentado o déjà vu, especialmente entre os 15 e 25 anos. Apesar da frequência, ainda não há uma explicação definitiva, embora diversas teorias neurocientíficas busquem esclarecer seus mecanismos.
Explicações para o déja vu
- Falha transitória no processamento da memória: O déjà vu pode ocorrer quando o cérebro interpreta uma informação nova como familiar devido a um desencontro temporal entre as memórias de curto e longo prazo, criando a ilusão de que uma experiência inédita está sendo repetida.
- Áreas cerebrais envolvidas: O fenômeno está associado ao lobo temporal medial, especialmente ao hipocampo e ao córtex parahipocampal, que são responsáveis pela codificação e recuperação das memórias.
- Descargas elétricas em pacientes epilépticos: Estudos com pessoas que têm epilepsia do lobo temporal mostram que episódios de déjà vu podem ser induzidos por descargas elétricas anormais nessas regiões, sugerindo que o fenômeno seria uma ativação neural breve que simula familiaridade sem memória real.
- Fadiga, estresse e sobrecarga cognitiva: O déjà vu também pode estar relacionado a estados de fadiga, estresse ou excesso de informações, que aceleram ou alteram o processamento cerebral, criando “atalhos” perceptivos e a sensação de repetição.
- Semelhança entre ambientes: A similaridade entre o ambiente atual e experiências anteriores pode induzir o cérebro a associar inconscientemente elementos conhecidos a uma nova situação, reforçando a impressão equivocada de familiaridade.
Embora, em geral, o déjà vu seja considerado um evento benigno e passageiro, episódios recorrentes, intensos ou acompanhados de sintomas neurológicos, como perda de consciência, movimentos involuntários ou mal-estar, requerem avaliação médica, pois podem indicar patologias como a epilepsia do lobo temporal.