Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências e de instituições americanas têm ampliado os estudos sobre os efeitos da metformina, um remédio amplamente utilizado no tratamento do diabetes tipo 2, sobre o processo de envelhecimento.
Resultados recentes apontam para o potencial do medicamento em retardar o envelhecimento celular e aumentar a longevidade em animais. No entanto, evidências também sugerem possíveis efeitos colaterais em pessoas saudáveis, especialmente quando associada a exercícios físicos regulares.
A metformina é indicada principalmente para controle glicêmico, mas vem sendo investigada por suas propriedades além da diabetes. Estudos com camundongos e, mais recentemente, com primatas, mostraram que o fármaco pode reduzir a idade biológica de diversos tecidos, retardar a perda de funções cognitivas e até rejuvenescer órgãos como fígado, pulmões e coração.
Metformina mostra efeitos promissores
Em 2024, um estudo da Academia Chinesa de Ciências, publicado na revista Cell, apresentou um avanço importante: macacos tratados com metformina por 40 meses apresentaram redução significativa na idade biológica, com base em critérios epigenéticos e moleculares.
A pesquisa utilizou ferramentas de inteligência artificial e análises multiômicas para avaliar, com alta precisão, os efeitos sistêmicos do remédio.
Com isso, foi possível identificar que a metformina atuou diretamente nos neurônios e em células do fígado, promovendo expressiva regeneração e retardando o envelhecimento celular. Isso reforça a ideia de que o medicamento poderia ir além do controle glicêmico, atuando como agente antienvelhecimento.
É importante mencionar que os cientistas alertam que os resultados, apesar de animadores, ainda não podem ser automaticamente aplicados a humanos. Estudos clínicos mais abrangentes serão necessários para validar esses efeitos e garantir segurança no uso da substância com finalidade antienvelhecimento.
Ciência revela a importância de exercício e remédio
Entretanto, estudos publicados anteriormente pela Fundação de Pesquisa Médica de Oklahoma e universidades dos EUA revelam um contraponto. Em um experimento com adultos saudáveis, com idade média de 60 anos, verificou-se que a metformina pode interferir negativamente nos benefícios promovidos por exercícios físicos.
Os voluntários que tomaram o remédio durante um programa de exercícios supervisionado mostraram menor ganho em aptidão aeróbica e sensibilidade à insulina, além de menor atividade mitocondrial nos músculos, um indicador relevante para saúde celular e envelhecimento saudável.
Vale mencionar que, segundo os cientistas envolvidos, isso não invalida os benefícios da metformina em contextos clínicos, mas sugere cautela em seu uso por pessoas saudáveis sem prescrição médica.