A computação se tornou indispensável no mundo contemporâneo, mas sua expansão traz desafios ambientais consideráveis. De acordo com um estudo divulgado na Revista Pesquisa FAPESP, os sistemas de TI e comunicação são responsáveis por um consumo elétrico global que varia entre 5% e 9%. Além disso, a Agência Internacional de Energia estima que, até 2026, a demanda energética de data centers, inteligência artificial (IA) e criptomoedas pode duplicar.
Além do alto consumo de eletricidade, esses sistemas exigem grandes volumes de água para resfriamento e geram emissões significativas de CO₂, intensificando o aquecimento global. Conforme estimativas apresentadas na pesquisa, o setor de tecnologia é responsável por pelo menos 1,7% das emissões mundiais de gases do efeito estufa, podendo alcançar até 4%.
Impacto da computação
Gigantes da tecnologia, como Google, Microsoft e Amazon, estabeleceram a meta de neutralizar suas emissões até 2030. No entanto, especialistas alertam para os desafios desse objetivo, especialmente com a rápida expansão da inteligência artificial. Segundo o estudo, a IA tem um impacto ambiental significativo, pois modelos avançados, como o ChatGPT, demandam grande capacidade de processamento, aumentando o consumo de energia e água.
De acordo com um estudo publicado por pesquisadores holandeses na Joule em outubro de 2023, uma única interação com o ChatGPT pode demandar até dez vezes mais energia do que uma pesquisa no Google. Além disso, o treinamento de modelos avançados, como o GPT-3, pode consumir impressionantes 700 mil litros de água.
Como proteger o meio ambiente?
Diante desses desafios, iniciativas de computação sustentável vêm ganhando espaço. Diversos projetos têm como foco a criação de hardwares e algoritmos mais eficientes, a otimização do consumo de energia em data centers e a ampliação do uso de fontes renováveis. Uma estratégia promissora mencionada é a computação aproximada, que reduz a precisão dos cálculos para economizar energia sem prejudicar significativamente a qualidade dos resultados.
Governos e entidades internacionais têm intensificado seus esforços para enfrentar esse problema. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente sugere a adoção de métricas padronizadas para avaliar os impactos ambientais da inteligência artificial, além de defender maior transparência por parte das empresas em relação às suas emissões. No entanto, sem regulamentações mais rígidas, a rápida expansão da computação pode continuar sobrecarregando os recursos naturais e ampliando sua pegada ecológica