Na última semana, o Google realizou seu evento anual mais aguardado, o Google I/O, onde anunciou uma série de inovações em inteligência artificial (IA) que prometem transformar não apenas seus produtos, mas toda a forma como interagimos com a tecnologia.
Sundar Pichai, CEO do Google e da Alphabet, deu uma entrevista exclusiva ao site The Verge, trazendo uma visão clara e ambiciosa sobre o futuro da IA, que ele acredita ser maior do que a própria internet.
Google I/O
O evento foi marcado pela integração da inteligência artificial em serviços já tradicionais do Google, como Gmail, Google Meet, Chrome e a pesquisa, que é um dos carros-chefes da companhia.
Mas o que chama a atenção é a forma como a IA está sendo inserida de maneira fluida, quase invisível ao usuário: não é mais necessário acessar plataformas específicas para usar essas tecnologias, porque elas estão embutidas em produtos do dia a dia.
Além disso, o Google lançou novos produtos baseados em IA do zero, como os geradores de vídeo Flow e Veo 3, além da atualização do Gemini 2.5, a plataforma de IA da empresa, e até mesmo óculos inteligentes que trazem a tecnologia embutida.
IA como nova fronteira tecnológica
Em sua entrevista, Pichai explicou que o Google já vem priorizando a inteligência artificial há algum tempo, entendendo seu potencial de forma gradual e estratégica. Ele traçou um paralelo interessante entre a chegada da internet e a popularização dos blogs com o que está acontecendo agora com a IA:
- Antes da internet, poucos tinham voz pública.
- Com a internet, pessoas comuns puderam criar, expressar e compartilhar.
- A IA vai permitir uma nova onda criativa, onde as pessoas poderão criar aplicativos e experiências que ainda estão além do nosso alcance atual.
Segundo Pichai, estamos apenas “arranhando a superfície” da capacidade da IA, e o verdadeiro impacto virá nos próximos 3 a 5 anos, à medida que a tecnologia amadurecer.
IA como tecnologia horizontal
A IA não é mais uma funcionalidade isolada; ela é parte integral de todos os negócios do Google:
- Presente no YouTube, na pesquisa, no Android, na nuvem (Google Cloud) e nos produtos corporativos.
- Aplicações em setores complexos, como a medicina, onde a IA ajuda a acelerar diagnósticos e tratamentos.
- Assistentes inteligentes, que poderão vir a ser produtos de assinatura, gerando novas receitas para a empresa.
Para Pichai, a IA será um “assistente do futuro” que não só ajuda, mas potencializa o poder criativo e produtivo das pessoas.
O produto mais lucrativo? Um jogo de longo prazo
Quando questionado sobre qual produto de IA mais gera receita para o Google, Pichai não deu uma resposta direta. Ele enfatizou que o sucesso do Google vem da visão de longo prazo, citando exemplos como o Gmail e o Google Cloud, que começaram com apostas arriscadas e se tornaram gigantes de faturamento.
Assim, a IA ainda está se posicionando como uma tecnologia fundamental, mas o verdadeiro retorno financeiro virá de como ela será aplicada e monetizada nos próximos anos, principalmente através de serviços personalizados e assistentes inteligentes.
Competição e inovação
O CEO do Google também comentou sobre a concorrência acirrada no campo da IA. Destacou a entrada do designer Jony Ive na OpenAI, após a aquisição da empresa de hardware io, que deve acelerar a criação de dispositivos físicos com IA integrada.
Pichai acredita que a IA será maior que a internet, criando novas categorias de produtos e experiências que ainda não imaginamos. Ele se mostrou animado com a corrida de inovação, afirmando que esse é um momento empolgante tanto para consumidores quanto para desenvolvedores.
Transformações na pesquisa
O Google Search, um dos pilares da empresa, está se transformando com a IA. Respostas geradas por inteligência artificial estão tornando a experiência do usuário mais direta, mas também alterando o tráfego para sites tradicionais.
Pichai ressaltou que agentes de IA que “pensam” e resolvem tarefas de forma autônoma são um novo formato poderoso, ainda em estágio inicial, que deve impactar primeiro empresas antes de consumidores comuns. Isso sugere que o modo como acessamos e consumimos informação na web está mudando profundamente.
Chrome, política e os desafios regulatórios
Perguntado sobre a possibilidade do Google ser obrigado a vender o Chrome em processos judiciais nos EUA, Pichai preferiu não comentar diretamente, mas destacou sua ligação com o navegador desde sua criação e o compromisso contínuo do Google em investir nos seus produtos.
Ele também comentou que, apesar das pressões políticas, como as de Donald Trump, o Google mantém sua independência na condução dos negócios, sem ceder a interferências externas no desenvolvimento de suas tecnologias.
A era do Google Gemini e das inteligências artificiais assistivas está apenas começando, e ela promete ser maior, mais integrada e mais disruptiva do que tudo o que vimos até hoje.