Entre 2013 e 2023, os episódios de violência escolar no Brasil cresceram de forma significativa, registrando um aumento de 254%, de acordo com dados do Ministério dos Direitos Humanos compilados pela Revista Pesquisa Fapesp. Enquanto em 2013 foram contabilizadas 3.771 vítimas, o número saltou para 13.117 uma década depois.
O levantamento inclui ocorrências envolvendo estudantes, professores e demais integrantes do ambiente escolar. Um aspecto particularmente preocupante é o avanço da violência autoprovocada, como automutilações, tentativas de suicídio e outros comportamentos autodestrutivos. Esse tipo de agressão, que era pouco frequente em 2013, atingiu 2.200 casos em 2023 — um crescimento de 95 vezes no período analisado.
Violência escolar no Brasil
Tipos de violência escolar, segundo o Ministério da Educação (MEC):
- Agressões extremas: Ataques premeditados e letais, como os registrados em episódios graves recentes.
- Violência interpessoal: Agressões, hostilidades, bullying e discriminação entre alunos, professores e demais membros da comunidade escolar.
- Violência institucional: Práticas excludentes por parte da própria escola, como o uso de materiais didáticos que ignoram a diversidade de raça e gênero.
- Violência no entorno escolar: Ocorrências externas, como tráfico de drogas, tiroteios e assaltos nas proximidades das instituições de ensino.
O Atlas da Violência 2024, citado no estudo, revela que:
- A proporção de estudantes que relataram episódios de bullying aumentou de: 30,9% em 2009 para 40,5% em 2019.
- O número de alunos do ensino fundamental que deixaram de frequentar a escola por medo subiu de: 5,4% em 2009 para 11,4% em 2019, segundo dados do Ipea e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
- A violência familiar contra estudantes também cresceu: Em 2009, 9,5% relataram agressões por familiares nos 30 dias anteriores à pesquisa. Em 2019, esse número subiu para 16,1%.
Causas para o aumento
O crescimento da violência escolar no Brasil resulta de uma combinação de fatores complexos. Entre os principais estão a intensificação da polarização política desde 2013, o uso recorrente de discursos de ódio por figuras influentes, o avanço da violência doméstica e os impactos sociais e emocionais deixados pela pandemia de Covid-19.
Também contribuem para esse cenário a deterioração da estrutura física das escolas, a falta de continuidade em políticas educacionais e a desvalorização do trabalho docente, que afeta diretamente o ambiente escolar. Apesar de melhorias nos sistemas de registro que tornaram mais visíveis os episódios de violência, os dados mais precisos não justificam sozinhos o salto expressivo nas ocorrências.