Desde 2023, o Brasil tem observado um aumento significativo nos casos de hepatite A entre adultos, o que levou o Ministério da Saúde a ampliar a faixa etária que pode acessar a vacina contra a doença. Tradicionalmente, a hepatite A era mais comum em crianças, especialmente naquelas com acesso precário a serviços de saneamento básico.
Contudo, a evolução do perfil epidemiológico da doença trouxe uma nova preocupação: a crescente transmissão sexual, particularmente através do sexo anal, que passou a ser uma das principais formas de contágio. Em 2023, cerca de 69,5% dos casos de hepatite A foram registrados em homens adultos.
Grupo alvo da vacinação
Diante da alteração no perfil da hepatite A, o governo federal decidiu ampliar a vacinação contra a doença. Desde o começo de maio, a vacina passou a ser recomendada não apenas para crianças com menos de 4 anos, mas também para os usuários da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV, medicamento que previne a infecção pelo HIV. Essa ampliação visa diminuir o número de casos graves e complicações associadas, como a necessidade de transplante de fígado, que já foi observada em alguns casos.
O objetivo do governo é vacinar 80% dos 120 mil usuários de PrEP no Brasil, com a aplicação de duas doses, com intervalo de seis meses. Além disso, pessoas com doenças hepáticas crônicas, HIV, condições imunossupressoras e transplantados já tinham acesso à vacina gratuitamente. Para os demais adultos, a vacina está disponível na rede privada.
Hepatite A
A hepatite A é causada por um vírus transmitido, na maioria das vezes, pela via fecal-oral, embora relações sexuais desprotegidas também representem um risco relevante de infecção. A doença pode não apresentar sintomas ou manifestar sinais leves, como cansaço, febre, enjoo e pele amarelada (icterícia).
Em grande parte dos casos, a infecção é autolimitada e desaparece espontaneamente em até seis meses. No entanto, em determinadas situações, pode evoluir para formas mais graves, como a hepatite fulminante, condição rara que pode exigir transplante hepático.
Lavar as mãos com frequência, cozinhar bem os alimentos e desinfetar frutas e vegetais são medidas básicas e eficazes para evitar o contágio. Além disso, o uso de preservativos e a atenção à procedência da água consumida, especialmente em viagens a regiões com infraestrutura sanitária deficiente, são estratégias fundamentais para reduzir o risco de infecção.