Em um episódio incomum e quase inacreditável, uma imigrante hondurenha residente nos Estados Unidos foi surpreendida com a imposição de uma multa que ultrapassa 1,8 milhão de dólares.
O valor astronômico é resultado de sua permanência no país após uma ordem de deportação emitida há duas décadas.
O caso, que chama atenção pelo rigor extremo da penalidade, ocorre em um momento em que a política anti-imigração do presidente Donald Trump segue influenciando práticas institucionais marcadas por sanções severas e crescentes denúncias de violações dos direitos humanos.
Caso raro nos EUA impõe multa gigante a imigrante que ignorou deportação
A mulher, atualmente com 43 anos e mãe de três filhos nascidos em solo americano, foi notificada em 2005 sobre a necessidade de deixar o país. No entanto, a imigrante optou por permanecer na Flórida, onde construiu sua vida e família.
Recentemente, ela foi surpreendida por uma cobrança oficial do governo norte-americano: uma multa de 500 dólares por cada dia de estadia irregular desde o aviso inicial.
O total acumulado ao longo de 20 anos chegou à impressionante quantia de 1.821.350 dólares, um montante praticamente impagável, especialmente considerando que ela vive com uma renda equivalente ao salário mínimo estadual de 14 dólares por hora.
Michelle Sanchez, advogada de imigração que representa a hondurenha, entrou com um pedido legal para reverter a ordem original de deportação, argumentando que sua cliente vive há anos de forma pacífica, sem qualquer infração criminal, e atende aos critérios para solicitar a residência permanente.
Segundo a advogada, há ainda a possibilidade de contestar a multa comparecendo a um escritório do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândega), mas isso implicaria em sérios riscos de deportação imediata, o que afetaria diretamente seus filhos cidadãos americanos.
Caso ocorre em meio a guerra de Trump contra imigrantes
O episódio também escancara o impacto severo das diretrizes estabelecidas durante o atual governo Trump. Ele reforçou medidas punitivas contra imigrantes que permanecerem no país após ordens de deportação, prevendo sanções diárias que poderiam chegar a mil dólares.
A política do presidente de extrema-direita, sustentada por um discurso de intolerância, foi amplamente criticada por organizações de direitos humanos, que alertam para o caráter desproporcional e desumano das punições.
Isso porque, além dos milhares de imigrantes deportados em condições indignas para seus países, algemados como se fosse criminosos violentos, houve também transferências de imigrantes para presídios em El Salvador, que se encontram detidos sem direito a julgamento.
O caso da imigrante hondurenha, agora judicializado, se tornou símbolo das tensões entre leis de imigração antiquadas e a realidade de milhões de famílias que vivem nos EUA à margem da legalidade, mas profundamente enraizadas no tecido social americano.